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quinta-feira, julho 23, 2009

Risco ou não risco ?

A vida é um risco. A frase não faz filosofia barata. Explica, sim, a decisão que está por trás da primeira página de hoje: mostrar como em 24 horas se altera a percepção da realidade e, sobretudo, a dimensão que se dá ao risco. O assunto (do risco) é tema de estudo há longos anos e está a alterar a forma como vivemos uns com os outros. Vamos por partes.

Primeiro: Quando se vive sem risco, perde-se a noção da incerteza. Isto é, vive-se apenas com aquilo que é certo e absolutamente seguro. Isso significa que não se alteram paradigmas. Se existem notas para pagar produtos, por exemplo, ninguém se esforçará por inventar o cartão multibanco. Viver sem incerteza seria, portanto, como viver sem evolução. Tudo ficaria parado.

Segundo: Se ausência de risco trava evolução, risco em demasia pode antecipar o desastre. A crise financeira resulta de se aceitar o risco como quem come chocolate - há sempre espaço para mais um quadradinho. Sucede que, para quem se dedica ao estudo sociológico do risco, há diferenças entre este e a incerteza. Ou melhor, não existe risco que não produza incerteza, mas há incerteza que não gera risco. Explico: uma operação aos olhos, como uma viagem de carro, implica um grau de incerteza aceite por todos. Quando se verificam desastres, porém, passa a viver-se com risco.

Terceiro: Mário Lino desvalorizou um aviso da sua controller financeira (Zoom, pág. 25). É legítimo: ela é paga para evitar riscos, um ministro (como um gestor) remunerado para decidir em incerteza. Sucede que o negócio dos contentores correu mal - e pronto, com isso passa a existir uma certeza de risco nas decisões políticas. Com Oliveira e Costa é igual (Zoom, págs. 22-23) - decidir libertá-lo é uma aposta incerta (mas legítima). Como Fátima Felgueiras um dia fugiu, pode dizer-se que há risco nesta decisão. Quando a incerteza se materializa em risco, portanto, gera-se desconfiança. E então? Então amanhã um ministro pode preferir não tomar decisões - já sabe que elas são um risco. Como um juiz pode optar por não libertar um arguido - está provado que isso é muito arriscado. Com uma consequência: a sociedade deixaria de viver em incerteza para ficar quieta ao menor risco.

Quarto: José Sócrates é avaliado com dureza pelo Compromisso Portugal (Zoom, págs. 20-21), ou seja, o primeiro-ministro decidiu em incerteza, algumas dessas decisões geraram risco real e, agora, dão nota negativa ao seu desempenho. Isso: o próximo governante pode preferir não decidir. A primeira página de hoje altera, portanto, a percepção de risco que temos em relação aos hospitais, ao desempenho dos governantes e, potencialmente, em relação aos tribunais. Mas o que preocupa Ulrich Beck é que a alternativa a esta avaliação ao que se vai fazendo poderia bloquear as sociedades. O que lhe permite concluir: importante é ajudar as pessoas a viver com o risco, não tentar impedi-lo. Portugal não sabe viver com risco e tudo à sua volta justifica que aumente a sua prudência - se o fizer, porém, corre sérios riscos de acabar como projecto de país.
In I de hoje
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Sempre fui adepto do risco calculado , sempre arrisquei e devo dizer que a maior parte das vezes , tive sorte ...

9 comentários:

Unknown disse...

E o que é a vida senão um risco
constante!
O povo, às vezes, tem razão: quem não arrisca não petisca!

H.B. disse...

Noeminha , és tu ? Um grande beijo para ti , aparece sempre

Anónimo disse...

Para "viver" é necessário o risco..
gb

Noémia= Né????

Alberto David disse...

Caro Amigo, e falas tu de risco, foram só dois anos, com o risco a pesar no dia a dia, já devias estar habituado a que a vida sem risco, não têm sabor.

Francisco Almeida disse...

Peço desculpa pela identificação errada do 1º comentário.
Quem disse foi o Francisco.
De qualquer forma agradecemos os cumprimentos do Helder que retribuímos.

Anónimo disse...

FA,e eu já a ver a Né a entrar no nosso blog! Se não foi..devia ter sido.Um abraço aos dois.
gb

H.B. disse...

Total acordo com a Provedora , de não foi devia ter sido

Anónimo disse...

"Estou muito satisfeito comigo” (Sócrates, 17 de Junho de 2009).
“Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu” (Sócrates, 22 de Julho de 2009).

IFFT disse...

Sempre admirei as pessoas que correm riscos com o dinheiro dos outros...
O deles está sempre a multiplicar.