De certeza absoluta que não era eu quem esperava que este governo tivesse qualquer laivo de imaginação para poder alterar o rumo das medidas diferentes do anterior, na perspectivava de poder minorar a situação do povo .
Assim o governo na sua "pródiga imaginação" não corta a direito nas despesas do Estado, o que
se faz é criar mais impostos. Assim qualquer um pode ocupar a pasta das
Finanças. Agora temos o imposto extraordinário, que nos vai entrar pela
chaminé como prenda no Natal.
Tremendamente actual é o diálogo entre
Colbert, ministro de Estado e da Economia do rei Luiz XIV, e o cardeal
Mazarino, estadista italiano que foi primeiro-ministro em França. Não
resisto, por isso, a transcrever esse diálogo extraído da peça ‘Le
Diable Rouge’ de Antoine Rault:
"Colbert: Para
encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não
é possível. Eu gostaria que me explicasse como é que é possível
continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
Mazarino:
Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de
dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é
diferente! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele
continua a endividar-se... todos os Estados o fazem!
Colbert:
Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E
como é que havemos de o obter se já criamos todos os impostos
imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino:
Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma
quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: São os
que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a
esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais!
Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o
que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável".
Sabem
quem é essa gente? É a classe média, aquela que está aos poucos a ser
destruída, sem poder de compra. Nunca se esqueçam, porém, que é a classe
média que serve de tampão no fosso entre ricos e pobres e é a mola
amortecedora das desigualdades.
Precisamos de imaginação e de mudança de
conceitos. A qualidade da vida das pessoas deve ser a grande
preocupação de toda a acção política.
Texto adaptado a um artigo de hoje no CM
1 comentário:
Temos,assim, um governo de Mazarinos.
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