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sexta-feira, junho 29, 2007

Não , nunca fomos racistas!

Na passada quarta-feira estive na Beira-Alta a cumprir uma tradição, levada a efeito por um grupo de amigos militares, que todos os anos, por esta altura, vaõ comer um delicioso cabrito assado, daqueles que pastam nas faldas da Estrela, acompanhado desse néctar precioso(segundo os entendidos , que não eu) feito líquido encarniçado e que dá pelo nome de vinho do Dão.
Vamos a meio da tarde dum dia, instalamo-nos numa casa solarenga, onde passou a sua juventude um coronel de Cavalaria, hoje já reformado, preparamos com todo o amor e carinho o pitéu e, depois de bem confeccionado, é um regalo ver a determinação e vontade, com que uma dúzia de homens habituados às lides das armas e com o sangue pejado de colestrol e triglicéridos, se lançam naquele ataque, a um bichinho inofensivo que apenas tem a defendê-lo umas batatas assadas redondinhas e gordurosas.
A digestão é feita por uns a "resolver os problemas da mãe -Pátria" e por outros sentados à volta de um pano verde, puxando as orelhas de umas cartas, tentando estabelecer uma "bridge" para contratos mal acertados.
Quando já não aguentamos mais , por cansaço ou por razões digestivas, vamos dormir o que podemos e, no dia seguinte, regressamos à nossa rotina e ao aconchego das nossas famílias.
Este ano, porém, sucedeu um facto que me causou admiração, mas que serviu para reforçar ainda mais a ideia que tenho, desde que comecei a pisar terras de África, que os portugueses não são, nem nunca foram racistas!
Então o que se passou ?
Na altura da sobremesa, começamos a ouvir uma ladaínha que vinha do exterior e que, instantes volvidos, identificámos como a reza do terço por uma comunidade, que percorrendo as ruelas da aldeia, se deslocava em procissão, solicitando à sua Santa Padroeira, algo que os reconfortasse das agruras dos dias.
A comunidade de uma aldeia beirã, nas imediações Serra da Estrela, prestando o seu culto, tinha
como seu pastor, um sacerdote de raça negra, que munido dum altifalante eléctrico e vestido todo de branco, orientava as preces de acordo com as regras católicas.
Esta situação, seria possivel num povo, rural e profundamente conservador, em que o racismo imperasse e ditasse as suas leis?
Penso bem que não!

2 comentários:

Anónimo disse...

Isaias gostei do teu artigo,fiquei
esclarecido da parte gastronómica´
e não só..
Quanto á parte final parece que já
é tudo possível....
Um abraço Bartolomeu

Anónimo disse...

Comoveu-me a cena do cabrito inofensivo defendido pelas batatas redondinhas e gordurosas dos ataques desabridos daquelas goelas espumando de gula incontida...Mas não há boa rotina que não se espante com uma surpresa ... E, então, nem o tempo resiste ;e o passado e o presente emaranham-se num caos recriador em que se fundem todas as cores e todas se ausentam
condensando o mundo numa fotografia inicial de bons samaritanos que povoam este vale de lágrimas transformado numas bodas de Canaã
eternas...
Gostei.Um abraço.