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quarta-feira, novembro 22, 2006

IF - Outra tradução

Para não perder muito a actualidade, abaixo transcrevo uma tradução (desconheço o autor) do poema IF que tinha cá na minha papelada. Continuo a defender a tese de que a poesia não é traduzível e que o tradutor é um "traidor".

IF ...


Se podes conservar o teu bom senso e a calma
Num mundo a delirar, pr'a quem o louco és tu;
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê; se vais faminto e nu,
Trilhando sem revolta um rumo solitário;
Se à prova da intolerância, à negra incompreensão
Tu podes responder, subindo o teu Calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão;
Se podes dizer bem de quem te calunia;
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor,
Mas sem a afectação dum santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor;
Se podes esperar sem fatigar a esperança;
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho
Fazer do pensamento um arco de Aliança
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho;
Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota - eternos impostores;
Se podes ver o Bem oculto em todo o Mal
E resignar, sorrindo, o amor dos teus amores;
Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega, eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhe deste;
Se és homem para arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio aos resultados
E calando em ti mesmo a mágoa de perderes
Voltar a palmilhar todo o caminho andado;
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
E sem dizer palavra e sem um termo agreste
Voltares ao princípio, a construíres de novo;
Se podes obrigar o coração e os músculos,
Se existe a vontade a comandar "Avante"!;
Se vivendo entre o povo, és virtuoso e nobre
Ou vivendo entre os reis conservas a humildade;
Se inimigo ou amigo, poderoso e pobre
São iguais para ti à luz da eternidade;
Se quem conta contigo encontra mais do que o que conta;
Se podes empregar os sessenta segundos
Dum minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espaire em séculos fecundos
Então o ser sublime, o mundo inteiro é o teu;
Já dominaste os reis, os tempos e os espaços
Mas, ainda para além, um novo sol rompeu
Abrindo um infinito ao rumo dos teus passos
Pairando numa esfera acima deste plano;
Sem recear jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano
Alegra-te, meu filho, então serás um Homem!

Edit by Lena Pires

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