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terça-feira, março 22, 2011

Post!

Dilúvio
António Carracci, 1615
Museu do Louvre

Gostaria de fazer um post com algumas ideias.
Só que o que me apetece dizer não vos interessa nada.
Por isso é melhor estar cego, surdo e mudo!

Até ao dilúvio!

7 comentários:

mc disse...

Como sabes tu tanto sem dizeres primeiro o que te vai na alma? Mesmo que fales do que tu pensas que não nos interessa nada, põe essas ideias cá fora. Logo se vê.

Anónimo disse...

Ó homem,fala enquanto podes...
Amanhã não teremos Governo..e hoje, ainda temos PR?
gb

DuarteO disse...

Não Manel, agora só futilidades, ou memórias várias!

IFFT disse...

Deixemo-nos de demagogias...

mc disse...

Pegando na tua sugestão de "memórias vagas",vou transcrever uma página que estou a ler do romance publicado neste mês de março, "A Cidade de Ulisses", de Teolinda Gersão,da Sextante Editora.Da página 106,sobre memórias de 1983:
" A nível colectivo, a recordação mais forte é uma crise generalizada. Em 83 já tinha havido dez eleições desde 74, havia greves, salários em atraso,uma dívida externa gigantesca.
...no verão, ...o país estava à beira da bancarrota. A corrupção tornara-se indisfarçável, empresas faliam, a fuga de capitais era alarmante.Desvalorizou-se o escudo, pediu-se um novo empréstimo para investimento, venderam-se trinta toneladas de ouro. Na Europa e arredores, o nosso rendimento per capita só tinha abaixo de si a Turquia.
Na Assembleia da República, para negociar medidas de combate à corrupção, por duas vezes faltou o quorum.
A seguir os impostos aumentaram, houve novas greves, a dívida externa cresceu seiscento milhões de dólares num semestre.
O FMI interveio, para evitar o descalabro. Mas obviamente nada fez para resolver os problemas estruturais do país.
Depois de três anos consecutivos de seca, houve chuva e inundaçõrs quando um temporal desabou, causando mortes e milhares de desalojados.
No fim de 84 cem mil trabalhadores tinham salários em atraso e em muitas casas havia fome.Mas só metade dos políticos declararam rendimentos.(.....) Pediram-se novos empréstimos para pagar dívidas, a dívida externa subiu mais e havia quatrocentos e cinquenta mil desempregados.(.....)"
Lê-se na página 106 e ocupa as duas primeiras linhas da página seguinte, que continua a referir as memórias do narrador e sua amada.E passo à página 109, já sobre o ano de 87, onde se lê:
"Em Portugal as greves continuavam, houve greve na ESBAL, a que aderiste, em Fevereiro.Pouco antes da morte de Zeca Afonso.(...)
Numa entrevista Zenha acusava os titulares de cargos políticos de não terem responsabilidade penal efectiva e de fazerem o que queriam impunemente, o que não era compatível com um estado de direito.
Houve um boom na Bolsa e em Outubro de 87 as Bolsas de todo o mundo entraram em queda livre. Só se falava de 1929.
Tudo isto são memórias soltas, a realidade foi naturalmente muito mais complexa. No entanto ainda conservo alguns recortes de jornais, que agora folheio para recordar fragmentariamente algo do que então acontecia.(.....).
De qualquer modo no meio da crise generalizada a nossa felicidade pessoal era um bem precioso, um pequeno milagre a defender ciosamente da enorme turbulência à nossa volta.
Vivíamos em equilíbrio num país em desequilíbrio....Pediam-nos sacrifícios brutais, mas depois de uma revolução e de um período pós-revolucionário conturbado estávamos dispostos a pagar um alto preço por um país democrático e normal.
Mas não é disso que quero falar-te agora,(.....)" , acrescenta Paulo , o narrador, à sua bem-amada Cecília.

Temos que valorizar o que temos de melhor e ... esperar que não haja dilúvio!

DuarteO disse...

Manel:
Memórias várias, não vagas!
Ou serão mesmo vagas?
Vagas de vazias, ou vagas de superficiais?
Quem sabe?

mc disse...

DO!

Memórias várias, claro. Um mero erro "currente ordinatore",para o que espero a tua compreensão!As que transcrevi também não são vagas,pois são referèncias a factos e baseadas em recortes de jornais.E graças ao Altíssimo estamos ainda em boas condições de fazer bom uso da nossa Memória.