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sexta-feira, janeiro 26, 2007

CRÓNICA DE SEXTA-FEIRA ( 10ª )

"Até ao fim do Mundo”


Na crónica desta semana, pretendo clarificar, na minha singela opinião, uma das mais incongruentes e falaciosas histórias de amor que têm inspirado, em Portugal e no estrangeiro, poetas, dramaturgos, compositores e artistas plásticos. Isto é, exorto para o vexatório romance entre D. Pedro I (filho de D. Afonso IV e D. Beatriz de Castela) e D. Inês de Castro.
Esta figura, de grande relevo para a compreensão da nossa História, chega a Portugal integrada no séquito de D. Constança Manuel, a futura mulher de D. Pedro I. Sendo filha ilegítima de um fidalgo galego, a presença de D. Inês junto da Corte portuguesa era vista como uma circunspecta ameaça, pois a sua família era firmemente inimiga do Rei de Portugal.
O casamento de D. Pedro I e D. Constança consumou-se em 1340. Subsequentemente, o príncipe rendeu-se à paixão ardente por D. Inês. Paralelamente, D. Constança bondosamente convida a aia para madrinha do primeiro filho varão, o infante D. Luís (1343), já que, de acordo com os preconceitos da Igreja Católica, uma relação entre um dos padrinhos e um dos pais do baptizando era manifestamente incestuosa. Porém, a criança faleceu menos de um ano depois, incitando as desconfianças relativas a D. Inês.
Com o regresso do exílio no Castelo de Albuquerque e após a morte de D. Constança, que legitimou o estado de viuvez de D. Pedro, o casal fixa-se em Coimbra, na famigerada Quinta das Lágrimas em que tiveram quatro filhos.
Em síntese, as relações adulterinas, o parentesco entre Pedro e Inês (eram primos em segundo grau), o seu compadrio e o perigo de D. Fernando (filho de D. Pedro e D. Constança) ser afastado do trono, conduziram D. Afonso IV a mandar engenhosa e pragmaticamente executá-la em Coimbra, após o consentimento dos seus conselheiros, aproveitando a ausência do seu filho numa caçada o que se traduziu numa intrépida guerra civil entre os sequazes do príncipe e do monarca.
Este romance proibido contém contornos muito intoleráveis na medida em que sou apologista da decisão de D. Afonso IV, pois o amor entre estas duas personagens apenas se enquadrava na política externa espanhola de uma União Ibérica (em que Inês seria o grande vector). E, se essa paixão era tão acérrima porque é que nenhum dos filhos de ambos foi Rei? Porque é que só o filho ilegítimo (D. João I), de um caso amoroso entre o mesmo D. Pedro e D. Teresa de Lourenço (aia de D. Inês de Castro), é que se tornou Rei? Que amor mais insólito!

By Afonso Leitão

9 comentários:

Anónimo disse...

Depois das últimas crónicas ,duas
sobre política e outra sobre arte,
voltou á História com uma crónica muito boa com um tema interessamte.
Excelentes conhecimentos. Dá gosto
lembrar e relembrar estes episódios sobre Inês de Castro.
Parabens . Continue.
Um abraço Old
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Desculpe ocupar este espaço, para
perguntar á Turma se alguem tem ideia,de uma representação sobre
a matéria da crónica,levada á cena
por...não me recordo,no antigo Teatro Camões em Bragança,no ano
de? Quem souber fará o favor de
continuar.Estive presente mas há
asuntos que esquecem.

Anónimo disse...

Também o teu interesse pela história te levou às questões do amor? Concordo contigo, essa Inês de Castro foi uma grande peste que assolou Portugal, pobre da D. Constança! Não será fácil vir para Portugal e no próprio dia do casamento ser traída, pelo menos em pensamento. Faça-se justiça à série , se não me engano do Moita Flores, que tão bem nos mostrou esse acontecimento triste da nossa história.

Anónimo disse...

Gostei e apreciei esta crónica. Aliás, este episódio dos amores incontidos entre D.Pedro e D. Inês é intemporal porque o coração tem razões que a razão desconhece. E com isto está tudo explicado!

Lena Pires

Anónimo disse...

Mais uma vez não posso concordar com o meu querido primo Afonso. Estamos perante mais uma demonstração dos teus conhecimentos de história, que muito admiro e que fazem repensar a necessidade de me reciclar na nossa história.Contudo por trás desta crónica e do relato dos factos históricos está a critica a uma amor extra conjugal, culpabilizando -se apenas a "outra",tal como num romance real ingles da história contenporanea!!!!

Acredito no amor dessas duas figuras da história portuguesa...

Graça Barreira

Anónimo disse...

Minha querida prima: o romance com estes contornos seria plausível nos dias que decorrem pois não existe claramente o puritanismo conservador que preludia o casamento. Contudo, naquela época com determinadas normas conjugais e formais, aliadas ao catolicismo exacerbado da Corte, era inaceitável um amor desta estirpe, para além das questões políticas que envolviam o romance entre D. Inês de Castro e D. Pedro. Aliás logo após o falecimento de Inês, Pedro teve um caso amoroso, que é do teu conhecimento, com D. Teresa Lourenço. Mas que amor eterno, não é?

Anónimo disse...

"O amor é eterno enquanto dura!!!"

Graça Barreira

Anónimo disse...

afonso tambem na concordo contigo!
eu acredito no amor de D.Pedro por D.Ines de Castro, o amor e um sentimento inexplicavel...acontece e pronto..nao escolhemos por quem nos apaixonamos..com eles foi assim..aconteceu e pronto, independentemente dos problemas que esse amor trouxe ao reino.
eles nao tiveram culpa de se apaixonarem um pelo outro..

Anónimo disse...

Não tinhas coisas melhores para escrever? Sei que é uma peça fundamental para a história portuguesa mas eu acho que deverias escrever crónicas sobre o mundo actual e deverias deixar a histórias para as aulas de História.

Anónimo disse...

Mais uma vez gostei muito do tema.É importante a eleboração deste tipo de crónicas, alusivas a estes temas, para o enaltecer de episódios da nossa História.Cumprimentos e continua assim.....