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terça-feira, agosto 04, 2009

Homenagem a uma heroína da DEMOCRACIA e da LIBERDADE!

por Pedro Correia | 04.08.09 |

Prometeu ao marido, vítima das balas assassinas de Ferdinand Marcos, que prosseguiria a luta por ele e em nome dele. Uma promessa jamais desmentida: a tímida dona de casa, de óculos muito graduados e sem vocação política, viu-se projectada para a ribalta do país, mobilizando multidões gigantescas de filipinos à conquista da liberdade. Corazón Aquino – é dela que falo – esteve para o Extremo Oriente como Vaclav Havel para a Europa de Leste. Com uma diferença digna de registo: enquanto o carismático dramaturgo checo, aureolado com a passagem pelos calabouços do poder comunista, teve oportunidade de fazer um prolongado tirocínio político, Cory ascendeu por um súbito golpe do acaso ao primeiro plano da História numa das mais fantásticas décadas do século XX – aquela que viu desaparecer o maior número de tiranias.

Em duas visitas às Filipinas, já ela era presidente, testemunhei a enorme popularidade de que gozava esta mulher que vestia sempre de amarelo e ostentava um sorriso perpétuo no rosto muito marcado pela ascendência étnica chinesa. Multidões em delírio ovacionavam-na no imenso Parque José Rizal, no coração de Manila. Sempre a seu lado, distinguia-se Jaime Sin, chefe da Igreja Católica e figura fundamental da transição democrática no país mais católico do Oriente. Sem o firme apoio do cardeal, Corazón nunca teria resistido às sucessivas investidas golpistas dos nostálgicos da ditadura que lhe foram abalando o mandato, entre 1986 e 1992.
Ao vê-la em cima do palco, falando com desenvoltura às massas que vibravam mal a viam desenhar com os dedos da mão a letra L, como símbolo de liberdade, poucos acreditariam tratar-se de alguém que nunca foi profissional da política antes de ascender à Presidência. Era também difícil adivinhar estarmos perante uma pessoa que sofria de incurável timidez.
Cory Aquino tinha uma força interior que ultrapassava todos os obstáculos – uma força interior inspirada na promessa feita a Benigno Aquino, o carismático líder da oposição a Marcos, pouco antes de o avião que os transportava dos Estados Unidos ter aterrado no aeroporto de Manila – hoje aeroporto Benigno Aquino – nesse fatídico dia 21 de Agosto de 1983. A canção da vida de Benigno era ‘Impossible Dream’, do musical O Homem de La Mancha. “This is my quest / To follow that star / No matter how hopeless / No matter how far”, diz a letra de Joe Darion, feita lema de vida do casal. Ou, na fabulosa versão em língua portuguesa da mesma canção que Bethânia imortalizou: “Quantas guerras terei de vencer por um pouco de paz?”
Cory honrou a promessa feita: desarmada, travou inúmeras guerras por um pouco de paz. Por isso há hoje milhões de filipinos a chorá-la.

6 comentários:

mc disse...

Uma impressionante figura histórica! C. Aquino teve na sua fragilidade feminina a força que foi precisa para mudar o rumo do seu país e conduzi-lo à liberdade e à democracia.
Estando,nessa época,ali tão perto,como,aliás, o autor do artigo, sei como aqueles acontecimentos foram vividos num ambiente conhecido de reconquista de um bem precioso, negado durante muito tempo e agora de novo nas suas mãos.
De Corazón Aquino se pode dizer que teve a capacidade de 1-conquistar a paz e 2- a fazer sobreviver a várias intentonas e 3-deixá-la em herança ao seu país.

IFFT disse...

Figuras com esta personalidade, quando morrem, inspiram sempre belíssimos artigos de louvor.
Desta senhora apenas conhecia os seus princípios democráticos e a "sapatomania" que a perseguia.
Teve sorte não ter que se defrontar com jornalistas nestes tempos,em que é moda os sapatos servirem de arma de arremesso nas conferências de imprensa!

mc disse...

Com sapatomania referes-te a quê,IFT?

Anónimo disse...

A senhora que tinha mais de 3000 pares de sapatos quando lhe descobriram a sapateira, era a senhora de F. Marcos. M.A.A.

DuarteO disse...

Essa dos sapatos a culpa é do Grande Líder ou do tribunal de Sintra?!

Imelda Marcos, a senhora dos milhares de pares de sapatos...

IFFT disse...

Dou a mão à palmatória...
Os 2 dias passados, foram maus de mais ...