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sexta-feira, fevereiro 01, 2008

CRÓNICA SEMANAL (45ª)

100 anos e reflexões

Em 1906, o senense Afonso Costa disse no Parlamento: “Por muito menos crimes do que os cometidos por D. Carlos rolou no cadafalso, em França, a cabeça de Luís XVI”. A 1 de Fevereiro 1908, o penúltimo monarca da História de Portugal, D. Carlos I, e o seu primogénito Luís Filipe são clamorosamente assassinados na Rua do Arsenal, em Lisboa, por Manuel Buíça e Alfredo Costa, respectivamente. Abatidos de imediato, os autores foram elevados a mártires pela imprensa republicana. Os cadáveres das duas figuras monárquicas foram embalsamados.
Hoje, dia 1 de Fevereiro de 2008 comemoram-se os 100 anos deste atroz acontecimento que galvanizou os militantes afectos ao ideal republicano, cujas repercussões sócio-políticos se traduziram num desenfreado aceleramento do processo de queda da Monarquia. Paralelamente ao que efectivamente se sucedeu nesse dia, cabe-nos a nós, cidadãos portugueses do século XXI, tentar compreender as grandes razões que subjazem a este assassinato. Senão vejamos alguns factos: no inicio do século XX tínhamos um país atrasado, pobre, rural, sofredor, analfabeto e cansado da insensibilidade e da gula desenfreada da classe política e da inoperância da medidas em matéria de finanças públicas. Os republicanos, defensores de um novo projecto e de uma nova ideologia, derrubaram a monarquia em 1910. Contudo, o panorama social, político e económico não sofreu grandes mudanças até 1933.
Seguramente dever-se-á colocar as seguintes questões: justificou-se o atentado? Seria necessário? Primeiro, um atentado nunca é justificável por mais legítimo que possa ser o desejo de estabelecimento da ordem e de uma nova ideia de Direito. Segundo, não era necessário exterminar pessoas humanas, mas era indispensável transformar a sociedade, pois o “prazo de validade” da Monarquia já tinha expirado.
Em suma, fiquei muito congratulado por esta comemoração coincidir com a minha crónica semanal, pois é uma temática histórica que sempre despertou o meu interesse e fascínio pelo que é possível que daqui a umas semanas voltemos a falar de alguns membros da família real.

By Afonso Leitão

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem Afonso. Gostei da sua
crónica e do tema actual escolhido.
Apreciei a parte final do seu ar- tigo.Os nossos adeversários polítcos é no "terreno" que se combatem .Nunca recorrer a uma cena trista como foi esta, 100 anos
passados.
Boas férias de Carnaval
Bartolomeu

Anónimo disse...

Afonso, gostei da oportunidade da sua crónica e compartilho as suas reflexões. Sendo incondicionalmente republicana, acho, todavia que, a esta distância, é preciso analisar sem paixões as facetas positiva e negativa do rei assassinado que faz parte da nossa História.
Um abraço
Lena Pires