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quarta-feira, fevereiro 06, 2008

No melhor pano cai a nódoa ....

AS ÁRDUAS TAREFAS DE TELMO CORREIA

Grave, incisivo, acusador, o Público fez, em cinco fatais colunas, a parangona de um episódio inquietante: "Ex-ministro do Turismo Telmo Correia assinou 300 despachos na véspera de sair." O conteúdo da notícia sugere pesadas conclusões. Numa altura em que as sombras do céu tombam, inclementes, sobre as actividades dos políticos profissionais, e as suspeitas acerca da bondade dos Governos atingem proporções de ruína, a informação constitui um acrescento à desconfiança autóctone.

Telmo Correia é um orador de frase redonda e um pouco convulsiva. Ocasionalmente, na SIC Notícias, dou pela sua loquacidade barroca, reveladora de um conhecimento antiquado do povo, que só lhe calha bem por ser quem é, e por representar aquilo que representa. No meu modesto entender, está errado de alto a baixo. No entanto, serei sempre o primeiro a defender a liberdade da sua voz. Adianto: aplaudo, com enternecida emoção, o esforço raro, acaso selvático, do diligente Telmo, pela ingente tarefa a que se consagrou. É obra!, assinar 300 despachos, com aquela rapidez, em tão escasso tempo. O ministro Telmo Correia estava de malas aviadas, mas não desejava deixar a meio projectos poderosos e fundamentais que, sem a sua assinatura, seriam irremediáveis. Além do mais, um leitor rápido, demonstrativo de como se deve mergulhar no trabalho com o altivo vigor que a pátria exige e a História consagra. Estou a ver este nobre e impecável português, saindo do ministério, arquejante e trôpego, porém no alvoroço feliz de quem cumpriu um dever imperativo.

Nessa tormentosa e épica insânia, quanto tempo demorou Telmo a tomar conhecimento do conteúdo dos 300 documentos e a assiná-los? Se, por cada um, consumiu cinco módicos minutos, trabalhou, seguidas, 25 horas. Se gastou dez minutos, o que não seria de mais, despendeu 50 horas. Acaso os não tivesse lido, limitando-se à forma visual de uma curta rubrica, despachada e meramente mecânica, revelar-se-ia o facto inapelável de que o ministro Telmo agiu com a leviandade que o cargo contradiz e as funções abominam.

Procedeu a leitura transversal? Outro, por ele e de sua estrita confiança, leu os despachos e sussurrou-lhe ao ouvido a matéria em questão? Como o Público informou, pelo menos um de esses documentos configurava aspectos gravosos. Haverá outros? Longe de mim descrer das canseiras, do mérito, do estudo, da celeridade com que Telmo Correia devora páginas e páginas. Não serei eu a acusá-lo da mais exígua infâmia. Pelo contrário: terei satisfação em apontá-lo como exemplo de trabalho sem pausa, de patriotismo sem tréguas e de modelo de virtudes sem mácula.


Baptista-Bastos , no DN de hoje

3 comentários:

IFFT disse...

Como Baptista Bastos escreve e muito bem, faço minhas as suas palavras: "Não serei eu a acusá-lo da mais exígua infâmia." Acrescento,contudo, a seguinte expressão de Cristo, numa situação algo semelhante:
"Que venha o primeiro e lhe atire a primeira pedra!"

H.B. disse...

Lá estás tu com as manias da perseguição...

Anónimo disse...

É impossível,Isaías.Ele foi o primeiro ministro do turismo em Portugal.E esta ,hã?