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segunda-feira, fevereiro 04, 2008

O outro lado do regicídio ...

Quando era pequeno e se falava em monarquia , imediatamente o meu Pai enaltecia Vinhais e o famoso Buiça , homem valente que matou o Rei , dizia ele. Agora quando estive em Bragança e esperava o meu amigo Toninho Afonso no àtrio do Hotel Ibis, ao folhear o jornal " Nordeste " deparei com um interessante artigo do Armando Fernandes ( Gulbenkian ) que não resisto a trancrever , com a devida vénia do autor e do Jornal . Para quem não saiba o Armando Fernandes , depois de sair de Bragança , foi Deputado à Assembleia da República pelo PRD e é um ilustre comentador , nomeadamente na àrea da gastronomia e vive em Santarém . Há tempos entrei num Restaurante em Carnide o "Miudinho" e vi e li devidamente emoldurado um artigo seu , sobre o mesmo Restaurante , Gostei de ver o seu nome .... e o Restaurante recomenda-se , especialmente na área dos grelhados.

Uma questão de apelidos

Todos os dias faço uma caminhada de nove quilómetros a modos de expiação do pecado da gula, na terça-feira passada, enquanto calcorreava a estrada toca o telemóvel, do outro lado estava Roberto Afonso da Câmara de Vinhais, após os cumprimentos dá-me conta das andanças de Mário Robalo jornalista do Expresso, na procura de descendentes ou parentes de Manuel Buiça, o Buiça actor principal do drama conhecido como Regicídio.

Falámos de Vinhais, autorizo-o a dar o meu número de telefone ao jornalista. Não tarda a ligar-me a dar conta das suas precisões, combinámos almoçar nesse mesmo dia e depois em minha casa verificámos papéis e documentos relacionados com o filho do Abade de Vinhais, já que tenho intenção de escrever um livro sobre o antigo militar, exímio atirador e professor no Colégio Nacional. Vemos certidões de nascimento, topo o nome do meu trisavô – Francisco Xavier Buiça, o do meu bisavô – José Manuel Buiça e o do meu avô – Francisco do Nascimento Buiça.

Digo ao jornalista estar a ensaiar um artigo a publicar na revista Brigantia, intitulado: Buiça, um apelido perigoso! A razão prende-se com o facto de o meu avô depois emigrar para o Brasil ter ido trabalhar para a majestática “Ligth and Power”, e um dia ter sido chamado à presença do todo-poderoso director inglês. Entrou no gabinete, o homem perguntou-lhe o nome completo, o meu avô declinou-o, o “beef”voltou a perguntar: tem parentesco com o Buiça que matou o rei de Portugal? O antigo professor nas horas vagas respondeu: sou primo direito dele. Pode retirar-se, assim fez o natural de Lagarelhos e passado pouco tempo deixou a dita companhia de transportes, tendo singrado como comerciante de padarias e cafés, não sem antes ter trabalhado duramente.

Este episódio contei a Mário Robalo, enquanto ele tentava estabelecer os nexos de parentesco existentes entre diversos membros acobertados debaixo do apelido Buiça. Nessa altura, perguntou-me:”porque motivo a sua mãe não tem o apelido Buiça, enquanto os irmãos o têm?” Mas tem o apelido Buiça, retruquei e para o provar fui buscar um livro em que ela assina lindamente – Clemência Maria Buiça.

O jornalista hábil, persistente, volta à carga: porque razão o Armando não recebeu o apelido Buiça? Respondi sincera e frontalmente, como é meu timbre: na alta adolescência gostava de ter tido o mal-afamado apelido, mas quando podia fazê-lo, isto é: “requisitá-lo” não o fiz, pois vanidades ou snobismos deste calibre não fazem o meu género, deixo isso para os queques. Agora, uma coisa é certa, o apelido Buiça continua a suscitar censuras e olhares de soslaio, como muitas vezes tenho recebido quando divulgo o parentesco. Acrescentei: é minha convicção não ter recebido o dito apelido e à minha mãe ter sido subtraído por razões de protecção aos dois, apesar do meu tio José o usar e não o impedir de pertencer à Polícia de Segurança Pública.

O Expresso já publicou a peça, por isso mesmo tenho recebido muitos telefonemas a pedirem mais referências e outros a perguntarem aquilo que o jornalista perguntou. O meu avô nunca mostrou desprezo pelo seu apelido, antes se orgulhava de continuar o nome de uma família antiga, honesta e trabalhadora. Em sua homenagem a casa de Lagarelhos é a “Casa Buiça”. Na altura do regicídio tinha ele doze anos, dadas as notícias ameaçadoras contra a família nessa casa hoje minha propriedade foi feito um falso para lá ser enfiado caso se concretizasse a morte de todos os parentes até à sexta geração.

Não aconteceu, ainda bem digo eu, enquanto alguns acéfalos pouco admiradores da minha pessoa dirão: Que pena! Que pena! A família tem-se, os amigos escolhem-se, dizem os sábios, o conhecimento tão exaustivo quanto possível que tenho do Buiça, leva-me a convicção de ele na altura estar apossado de um violento idealismo vanguardista e maleável a ouvir o canto da sereia. Mas isso fica para o artigo acima referido.

No mais, nenhum dos membros da família jamais mostrou regozijo pelo acontecido, muito menos incensou o parente mais ou menos chegado de todos, que originou alterações políticas de tomo e também levou à perda do apelido para alguns de nós.

Por: Armando Fernandes

3 comentários:

Anónimo disse...

Só recentemente soube que o Buíça era de Vinhais e... professor. Mas gostei de ver a cara de uma descendente da última geração Buiça,em Bragança, com que o autor da peça jornalística ilustrava o tema das perseguições a essa família.
E estou a gostar de ver também a mini-série que a RTP1 tem estado a apresentar, já que informa sobre o enquadramento geral da época, as forças e actores políticos e os
interesses em jogo.Julgo que acaba hoje.

Barroso disse...

Natural de Lagarelhos foi Francisco do Nascimento batizado em 27-12-1896, casou em 29-12-1921 com Delfina Augusta e faleceu em 19-7-1973. Era filho de José Manuel Buiça e Júlia Augusta Martins, neto paterno de Francisco Xavier Buiça e Maria Benta Borges, neto materno de Porfírio Eduardo Martins e Maria de Jesus.

Unknown disse...

Ainda ha muitos buíças