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domingo, janeiro 25, 2009

Justiça, Politíca ou Lama?

JUSTIÇA, POLÍTICA OU LAMA?

“Em Portugal tornou-se difícil confiar na investigação judicial. Como se vê por comentários na rua e na Internet, em vez de ser respeitada é discutida. A meu ver, porque ela, há muito tempo, não se dá ao respeito

Quem rouba, desvia ou malbarata dinheiro ou património públicos deve ser punido. Não interessa o lugar que ocupa ou ocupou. Este é um princípio sagrado dos Estados de Direito próprios das sociedades livres.

Em Portugal isto não acontece. Mas, infelizmente, também ninguém fica totalmente ilibado. Habitualmente, aqueles que são visados ficam num limbo de suspeição que corrói e destrói o sistema democrático e não responsabiliza ninguém.

Vamos a factos:

Carlos Melancia foi absolvido de um processo de corrupção que nasceu pouco antes das eleições presidenciais de 1991. Era governador de Macau nomeado pelo Presidente que se recandidatava, Mário Soares. O processo é meio kafkiano, uma vez que houve gente próxima dele condenada por o corromper.

No processo Casa Pia, Ferro Rodrigues foi envolvido, mas nunca acusado; Paulo Pedroso foi detido, mas despronunciado. De qualquer modo, as suas vidas foram semiarruinadas num processo estranho e tortuoso.

Nas últimas eleições de Lisboa, vieram a lume diversas suspeitas relacionadas com Portas: os submarinos, os sobreiros, o Casino Lisboa. Nada se sabe, mas não admira que voltem um dia destes.

Sempre que Santana avança saltam processos mais ou menos estranhos que o envolvem. E agora, saltou de novo o caso 'Freeport', que anda desde 2004 a ser investigado. Mais uma vez irrompeu num ano eleitoral. Posso estar a ser injusto e a induzir conclusões que não são válidas. Mas é sinceramente o que me parece acontecer neste país desgraçado.

Não se percebe que, perante notícias de um jornal (neste caso "O Sol") a Procuradoria faça um desmentido tão tortuoso ("os autos não contêm, até este momento, indícios juridicamente relevantes que mostrem o envolvimento de um qualquer ministro", etc, etc), para dias depois ir fazer buscas à empresa do tio do primeiro-ministro.

Naturalmente, o tio e o sobrinho têm personalidades diferentes. Mas a mim, o que me parece é que há uma gestão política do processo. Vai em crescendo, aproximando-se do alvo qual caçador furtivo, utilizando a caixa amplificadora da comunicação social para alavancar investigações.

A lama é, então, espalhada e sobra sempre um manto de dúvida. Nada é, depois, esclarecido por quem mexeu no processo. Entre o que se arquiva e o que fica em banho-maria, está a esmagadora maioria dos processos que envolvem figuras políticas. A verdade e a mentira diluem-se numa massa repugnante.”

Henrique Monteiro
in Expresso

2 comentários:

Anónimo disse...

No Público, A. Barreto assina hoje, no seu rectângulo , uma áspera diatribe sob o título "Questões de clima", mas que é fundamentalmente sobre a justiça ,incluinmdo a corrupção e bancos, falências e empresas , de que aqui transcrevo o último parágrafo:
"Se tivéssemos uma justiça à altura, toda a crise actual seria mais suportável. Não haveria mais emprego. Mas a sociedade seria mais decente."

Esperemos que a próxima semana seja menos agreste!

DuarteO disse...

Subscrevo completamente este paragrafo do "profeta da desgraça".
Com JUSTIÇA rápida para todos, nós suportávamos melhor a dor, a privação e até a crise parecia mais leve!!