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sexta-feira, maio 21, 2010

A beleza das coisas...


Em Dias de Luz Perfeita e Exacta
 
Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às cousas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas. 


A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das cousas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as cousas,
Perante as cousas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXVI"
Heterónimo de Fernando Pessoa

2 comentários:

Anónimo disse...

Que beleza de escolhas!
A imagem fez-me viver a "luz perfeita e exacta" e "(...) as mentiras dos homens" que pretenderam deixar a sua marca no que era só luz e cor naturais.
O poema de Alberto Caeiro ajudou-me a compreender melhor o "visível" que uma alma inquieta e privilegiada consegue ver e viver no invisível...
Parabéns, H.B. A beleza dos dias é assim que nos abeira!
Urze dos Montes

Anónimo disse...

"Só se vê bem com o coração.O es_
sencial é invisível aos olhos."
Antoine de Saint Exupéry.
C.N.