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quinta-feira, maio 27, 2010

Manuel Teixeira Gomes - sesquicentenário do nascimento

Em 1971 iniciei um período de dois anos de residência em Portimão.Para mandar fazer uma mesa redonda, fui a um marceneiro estabelecido entre a igreja matriz e o largo central da cidade, um senhor magro, já nos seus setenta anos de muito trabalho e com quem conversei a encomenda. Palavra puxa palavra, donde é, já lá estive, chegámos à conclusão que tinham estado em casa dos meus Pais, em Bragança, no preciso dia em que estes partiam para Chaves ,em setembro de 1968. E tinham procurado o meu Pai,depois de saberem ,já em Bragança, que aqui já tinha sido levada à cena a peça "Sabina Freire",na segunda metade dos anos 60, orientada pelo meu Pai e em que colaboravam o Pássaro, o Zé Carlos Pimparel e muita outra gente,no que era a primeira apresentação pública daquela peça, facto cultural que não teve qualquer repercussão no país. Por isso é que as gentes de Portimão,que na sua origem eram um grupo de teatro que tinha encenado recentemente a mesma peça, cujo autor era natural de Portimão, ficou surpreendida e algo decepcionada pois estavam convencidos de terem sido eles os primeiros a fazê-lo e verem,de súbito, essa honra sumir-se, embora lhes sobrasse o gosto bairrista pelo autor.
É desse autor que se comemora hoje o 150º aniversário do nascimento,e com grande elevação e dignidade na sua terra natal.Foi o 1º embaixador da República Portuguesa na corte de St. James, vulgo, Londres ,apoiou a entrada de Portugal na 1ª Grande Guerra e em outubro de 1923 foi eleito pelo Parlamento, como então se fazia, Presidente da República , cargo a que renunciou em 11 de dezembro de 1925.De Lisboa partiu de barco para a Argélia onde viveu na cidade de Bougie, no Hotel de l´Etoile, onde faleceu em 1941,tendo à sua frente o mar. Já este ano li algures que o quarto do hotel ,que ainda existe, nunca mais foi utilizado, mantendo-se intacto em permanente homenagem a Manuel Teixeira Gomes
O senhor marceneiro, actor e director artístico deu-me, na altura, um exemplar da brochura que haviam publicado para distribuir aquando das suas apresentações de "Sabina Freire" , onde eu registei, dias depois, que o nosso encontro havia ocorrido no dia 11 de dezembro, de 1971, dia do 30º aniversário da morte de Manuel Teixeira Gomes, bon vivant, cosmopolita,erudito, escritor, político. Um Presidente da República que foi eleito pelo Parlamento e que ,num impasse político,se recusou a dissolvê-lo, preferindo o exílio. Homem de antes quebrar que torcer ?

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada, MC, é um autêntico prazer ler algo que sai da alma e nos revela a sua grandeza e beleza, obrigada.
É bem o filho de um Homem com tanto valor que fala!
Tive o privilégio de entrar na peça "O Infante de Sagres", de Oliveira Martins, ensaiada pelo querido Dr. Carvalho.
O meu gosto pelo teatro, se já estava em embrião, foi-se desenvolvendo cada vez mais e ajudou-me a crescer como pessoa e cidadã,enfim, a viver a vida descobrindo a beleza que se esconde nas palavras e nas coisas mais insignificantes.
Urze dos Montes