«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.» José Saramago
Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148
1 comentário:
É interessante teres terminado o título com um ponto de exclamação. Por não ser normal e por,neste caso, nos predispor desde logo para uma questão velhíssima da Teoria Literária, a saber, a das relações e mesmo compatibilidades da literatura e da política.Quem é o autor deste texto: Saramago,romancista ou Saramago,homem político? É um diário ,um diário é literatura ou não,ou tem apenas pedaços que cabem neste conceito?
Este texto pode valer nas duas valências: quer como expressão do próprio pensamento do seu autor enquanto cidadão ou como expressão do pensamento de uma personagem de ficção.
De qualquer forma, o mais interessante é que o teu ponto de exclamação está para o título como o grão de areia para a pérola.
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