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quarta-feira, junho 24, 2009

Histórico do nosso crescimento económico

Nos últimos 200 anos, a história económica portuguesa foi bastante simples. O País só cresceu quando o Estado gastou em obras públicas ou investiu na indústria – Marquês de Pombal, Fontes Pereira de Melo, Salazar, e até Cavaco e Guterres; ou quando exportou muito para o exterior – durante partes importantes do século XIX ou a partir dos anos 60; ou ainda quando o consumo privado cresceu muito, coisa que só se verificou no pós-25 de Abril, em especial nos anos 90.

Os nossos motores de crescimento foram pois sempre os mesmos: a despesa do Estado, a exportação e o consumo. Contudo, de há uma década para cá, as coisas complicaram-se. Com a entrada de Portugal no euro, os três motores do crescimento da nação enfrentaram um desafio complicado. A despesa do Estado ficou limitada, devido ao Pacto de Estabilidade. Os deficits do passado deixaram de ser possíveis, e o limite passou para os três por cento do PIB, muito abaixo do que sempre fora o deficit português ao longo da História.

Quanto às exportações, deixaram de ter a ajuda permanente da desvalorização do escudo, e naturalmente perderam muito mercado. Dois dos habituais motores do crescimento económico nacional ficaram pois seriamente paralisados. Por fim, restou o consumo. Enquanto as taxas de juro do euro foram baixas, ainda deu para disfarçar, mas logo que começaram a subir verificou-se que os níveis de consumo não seriam garantia de crescimento. Portanto, uma década no euro significou uma constante perda no ritmo de crescimento económico para Portugal. É espantoso que os economistas não vejam esta evidência e que continuem a berrar contra o Estado e o endividamento ao exterior. É não perceber nada do que se passou esta década.

O problema português não é, ao contrário do que diz o 'manifesto dos 28 economistas', fazer ou não fazer o TGV ou a Ota, mas sim qual a fórmula eficaz para o País voltar a crescer dentro do sistema do euro. Dizer não ao TGV ou à Ota pode parecer credível, mas não nos responde à pergunta essencial: como é que Portugal pode deixar de 'divergir da Europa' estando no euro? Para além disso, e estando o País e o Mundo em recessão, se não for o Estado a gastar dinheiro, quem o vai gastar? Serão os 28 economistas do manifesto que, por milagre ou magia, inventarão uma população rica e empresas prósperas, capazes de nos tirar do buraco? Salazar, o Marquês de Pombal e Fontes não perderiam um minuto com as opiniões destes 28 sábios da nação.
Domingos Amaral, Director da GQ
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Eu também não ...

2 comentários:

IFFT disse...

O Domingos Amaral não foi convidado para fazer parte dos 28, porquê? Para que o grupo não ficasse conhecido como dos 29?

francisco almeida disse...

Já não há afluxo de metais preciosos à Península Ibèrica; o comércio das especiarias,escravos, ouro e marfim passou à História.
Que remédio terá o Estado senão investir e tentar criar riqueza!
Penso eu... mas não sou economista!