Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no
trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!»
Pablo Neruda
By LP
3 comentários:
saboreei!
Excelente, oportuno!
Desconversando e levando tudo à letra, pergunto: Os que agem em sentido contário ao poema morrem mais depressa? Brincadeirinha!!!...Então não é muito mais fácil "ir vivendo...", do que arregaçar as mangas e fazer o que faz falta? (Para mim, não). E depois, se nada fizermos, também não cometemos erros e, "sem culpas"...coitados de nós, que pouca sorte...
Obrigada LP, obrigada HB.
Abraços
Fbbc
Pablo Neruda num belo poema!
Agora "despoetizando" - mesmo aqueles que vivem a vida sabendo que viver não é só respirar, é também tudo aquilo que o poeta enunciou e sempre mais alguma coisa, vão morrendo lentamente, só que morrem mais felizes e com mais gente feliz a seu lado.
Isso é que é viver!
Abraço, HB
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