Meruginha!

Ontem foi um dia inteiro de meruginha, ou morrinha, como dizem os galegos.

Chuva miudinha, também chamada, na minha aldeia, de "molha-tolos".
Lembrei-me das férias do Natal, na aldeia, quando estava de meruginha, adorava enfiar uma saca vazia, feito capuz, e correr pelas ruas atapetadas de palha, com os outros miúdos.
Qual gabardina e guarda chuva.
Ou ia de saca pela cabeça, ou não ia.
Bem lutava para ter socos como os outros miúdos, mas até aí não ia a abertura da minha mãe: botas de carneira, feitas à medida, no sapateiro em Mirandela, que meninos não andam de socos!
A minha mãe condescendia, pois quando chegava, afogueado das correrias e encharcado da meruginha, mãos enregeladas apesar das luvas, sentava-me no escano, em frente do lume e em cinco minutos secava.
Bons tempos, de inocência e felicidade...!

Adenda:

São 14.45 e continua a cair uma meruginha silenciosa e triste.
Faz bem à terra que estava sôfrega de água.
Tudo cinzento, não enxergo a casa da vizinha que anda de matança!
Vou acender a lareira.