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sexta-feira, março 14, 2008

CRÓNICA DE SEXTA-FEIRA (50ª)

Demagogias

"Quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez bem. E, foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizermos mal.” Dito por Vitalino Canas, porta-voz da insolência socialista.
Foi, para mim, a frase da semana. Não que tivesse um impacto histórico-civilizacional como tiveram muitas outros, mas porque revela claramente o tique de autoritarismo e arrogância que tem consumido de forma explicita a generalidade dos dirigentes do Partido Socialista (PS) e do Governo.
A afirmação do deputado Vitalino Canas, que tem tido algum contributo intelectual na esfera do Direito, é infeliz, altiva, demagoga, grosseira e rude. É, no mínimo, inacreditável que um representante da Nação se tenha rebaixado ao nível tão rústico e parolo, ao ponto de dizer “ (…) foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizermos mal”, quando provavelmente nem foram tantas as coisas que realmente fizeram de bem, senão vejamos: crescimento económico (fraco), contestação popular, desemprego, dificuldades em combater os lobbies, miséria na Educação, etc. Onde é que, enfim, o PS se pode orgulhar: no combate ao défice e na Presidência da União Europeia.
Independentemente dos balanços governativos, o ponto nevrálgico é o seguinte: a humildade é um valor supremo, mas infelizmente tem sido sucessivamente banalizado e retirado da linguagem e do discurso político. Nesta afirmação não há humildade, há estupidez. Porque se o PSD governasse, e tivesse percorrido o mesmo trajecto socialista, então a frase seria: "Quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez mal. E, foram tantas as coisas que eles (PSD) fizeram mal, que não temos de perder tempo com o que fizeram bem.”
O que o governo fez de bem, a opinião pública sabe muito bem, agora o que não se fez ou o que se fez mal deve ser assumido e alvo de reflexão e ponderação. Os portugueses estão fatigados de demagogias.

By Afonso Leitão

2 comentários:

Anónimo disse...

A tua 50ª crónica está escrita numa prosa contida e equilibrada e os juízos expressos retratam esse mesmo equilíbrio baseado num distanciamento racional , que vai ao cerne do comportamento político-partidário típico de sistemas democráticos e que é indispensável que um analista político cultive e exerça . Gostei. Parabéns.

Anónimo disse...

O seu artigo está bom.Os assuntos
estão bem focados.
Gostaria porem de fazer um comentário,mas
digo-lhe que conheço bastante mal
o Dr. Vitalino Canas.
Um abraço
BV