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sábado, setembro 12, 2009

Debate de ontem!

Comecei por assistir ao debate, com alguma curiosidade, mas não aguentei.
Portas igual a ele próprio, Louçã arrogante.
Ambos demagogos, manipuladores da palavra, fanáticos, detentores da VERDADE.
Desiludiram-me, Louçã muito mais do que Portas.
De Portas já esperava ver o que ele é, o que sempre foi.
De Louçã esperava postura de Estado, argumentos sólidos, menos moralismo, menos arrogância, menos pregação, sem o ar sempre zangado, a ralhar com todos os que não concordam com ele.
Se um dia tomasse o poder ainda achávamos o Jerónimo simpático e democrata.
Quando chegou a altura em que me pareceu já não haver decoro desisti!

No entanto não resisto a transcrever:
Preguiçoso, e perigoso, o lugar-comum que atribui a Portas e Louçã dotes superlativos no campo da discursividade, oratória, retórica. Confunde-se maneirismo, Portas, e melodrama, Louçã, com a arte de persuadir, da comunicação por excelência. Acontece que Portas e Louçã são os políticos mais artificiais actualmente no activo. São obscenamente falsos. Estão reféns das respectivas imagens de marca, não conseguem desviar-se dos códigos de nicho. Contudo, Portas é lúdico, não leva a sério o que se passa porque só precisa do que já tem: um bom emprego, cheio de confortos e consolos. Já Louçã é fanático, não tem outra vida para além da que ambiciona ter: chegar lá, ao trono, e contemplar o povo a seus pés.
Estas duas figuras castiças da cultura portuguesa iam-se pegando ao estalo por causa de umas contas de contar. Um chamou burro ao outro. O outro perguntou se lhe estavam a chamar aldrabão. Antes disso, foram exibidos cartões com figuras coloridas, citou-se Salazar, deu-se Berlusconi como prova da vaga xenófoba na Europa, falaram dum puto que escreve umas larachas no website do CDS e leram-se passagens da Fátima Missionária. Depois disso, atacaram furiosamente um problema ridículo que metia telemóveis. Os dois melhores tribunos da República ficaram agitadíssimos, desvairados, com a possibilidade de acabarem o debate deixando a percepção de que tinham consentindo uma vantagem ao adversário nessa magna questão. E ainda a esta hora lá estariam, a chamarem nomes um ao outro, não se tivesse dado a fortuna de ocorrer a Judite de Sousa que estava em risco de ser multada por ultrapassar o tempo estabelecido para o debate. Foi o balde de água fria para cima da canzoada.
Na retórica, há uma noção central que está completamente fora de moda, o termo quase desaparecido do vocabulário corrente: decoro (decorum). Diz respeito à conformidade do conteúdo com a embalagem, so to speak como dizem os franceses. Essa conexão, ou falta dela, entre logos e lexis, res e verba, o cu e as calças, amiúde encontra em Portas e Louçã momentos esplendorosamente indecorosos.

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