Nos fins do século XIX, ainda no tempo de D.Luís I, escolheu-se , em Lisboa, o Nordeste de Trás-os -Montes como teatro de umas manobras militares de grande envergadura , concentrando-se aí forças, de várias armas e unidades, vindas de vários pontos do país.Um coronel velhote na impossibilidade de utilizar cavalo requisitou em Mirandela uma carruagem de aluguer e nela se lançou a caminho de Bragança, com um jovem alferes, Oficial às Ordens, que se limitava, como mandam as regras, a ouvir e calar. Durante horas e horas decorreu a jornada, ouvindo-se apenas o resfolegar contínuo dos solípedes. Aquelas terras de Bragança, desnudas e quase ermas, pareciam nunca mais ter o seu termo. O pobre do coronel, sentia-se tão farto , tão farto daquela jornada que, uma vez ou outra, sem fazer caso do ajudante que ao seu lado dormitava, resmungava: "Mas porque é que o Senhor D.Luís não dá isto aos espanhóis?" De dez em dez minutos , a pergunta repetia-se. Lentamente, as linhas de horizonte iam mudando. Sucediam-se os soutos e os castanheiros. O ajudante, só para si, pensava: " Para quê, esta praga das manobras, neste cabo do mundo ?" Como um refrão as perguntas foram-se repetindo vezes sem conta até a chegada à nossa querida Bragança.
2 comentários:
Qual a tua explicação para o sucedido ? Seria chuva , seria vento ....
A falta de vontade política d'el Rei D. Luís certamente, não achas?
Com um grande abraço.
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