CRÓNICA DA RETOMA

Após um período de ausência do meu espaço semanal, eis que o retomo com gosto e entusiasmo pois os temas nacionais e internacionais fervilham e desencadeiam-se de forma sistemática que é tão difícil analisá-los de uma só vez. Recordemos, por exemplo, que vivemos num período de verdadeira campanha política e de um caos jornalístico asfixiante, no plano nacional, e assistimos, no plano internacional, à discussão nos EUA sobre a reforma no sistema nacional de saúde, aos discursos imperialistas e populistas do Presidente venezuelano Hugo Chávez referentes à instalação das bases militares norte-americanas na Colômbia, à crise político-constitucional originada pelo Golpe de Estado nas Honduras que depôs o legítimo Presidente Manuel Zelaya, entre outros temas. Tanto para dizer que decidi escolher como tema desta crónica os perfis dos cinco líderes das cinco principais forças partidárias: José Sócrates, Manuela Ferreira Leite, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas e Francisco Louçã.

No aspecto da coerência discursiva devo dizer que estou satisfeito, pois o que os debates televisivos têm demonstrado é que os líderes se têm preparado bem, com o conhecimento dos dossiers nacionais, bem como, dos programas e propostas dos outros partidos adversários. Ver cinco líderes, com origens académicas muito díspares (um jurista, um professor doutor, uma economista, um operário e um engenheiro), a falar de forma muito coesa e consequente do ponto de vista do raciocínio lógico-político já me deixa animado.

Fazendo, agora, uma análise individual poder-se-á dizer o seguinte: 1) Sócrates, de facto, é um profissional da política, ou seja, aquilo que ele sabe realmente fazer é política/ acção política; 2) de Manuela Ferreira Leite sabemos que não tem o style e o estofo discursivo e mediático de Sócrates, isto é, não tem o aparato do Chefe de Governo. Por conseguinte, considero que a líder do PSD não é, de facto, tão carismática, e não vemos grande entusiasmo social e popular em torno da sua liderança. Mas, creio que muito daquilo que Sócrates/PS representa é, no essencial, fachada, ilusão e falta de confiança, ao passo que, nas intervenções de Ferreira Leite/PSD não vejo quaisquer aparências, ilusões, cegueiras ou fantasias. 3) Quanto a Louçã e Portas, esses são imbatíveis em termos de exposição de ideias e inteligentes na táctica a apresentar nos debates. De referir que tenho a percepção de que Portas quererá ser o fiel da balança e, claro, com muitos caldos de galinha. 4) No que toca a Jerónimo de Sousa, tenho a afirmar que foi, sem dúvida, dos melhores oradores nos debates, pois conseguiu conciliar educação, coerência, empenho, responsabilidade e fiel ao seu eleitorado: os trabalhadores.

A campanha vai prosseguir e cá estaremos para analisar e opinar.

By Afonso Leitão