30-09-2009 06:49 8 Um Presidente vulnerável É pressuposto o Presidente da República ser um cidadão lúcido e de bom senso. É o mínimo que se lhe pode exigir. Cavaco Silva já deu provas sobejas, ao longo da sua história política, de que pesa bem o que faz e o que diz. Nos últimos meses não parece que esteja à altura da lucidez e bom senso que se lhe exigem. A constatação não podia ser mais grave. António José Teixeira Director SIC Notícias opiniao@sic.pt |
Cavaco Silva perdeu o sentido de oportunidade da sua palavra, alimenta suspeições e não sabe cuidar do bom-nome das instituições. Se assim continuar não estará à altura das responsabilidades. Se alguém tenta puxar o Presidente para a luta político-partidária, o Presidente tem a obrigação de se demarcar imediatamente. Seria esse o seu contributo para a transparência do processo eleitoral. Não é o silêncio calculista. Se alguém em seu nome diz aos jornais que o gabinete do primeiro-ministro anda a espiar o Presidente ou, mais prosaicamente, que em Belém se desconfia do partido do Governo, das duas uma: ou é verdade e o Chefe do Estado tem de agir imediatamente em nome da legalidade e da idoneidade das instituições democráticas; ou é mentira e deve vir a público dizê-lo com clareza. Ora o que Cavaco Silva fez foi assistir impávido à publicação de notícias, invocando o seu nome, sem se dignar tomar posição, espalhando a suspeita ao mais alto nível do Estado. Como é possível que o Presidente ache normal que um membro da sua Casa Civil espalhe suspeição e desconfiança sobre o Governo que mantém em funções? A notícia ocupou quase por inteiro a primeira página do Público e não merecia um reparo? Como é possível dizer que «tem sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações» contidas no email que o aponta como autor moral de uma manobra sombria que visava desacreditar o Governo? Dúvidas podemos ter nós, Cavaco Silva tem de ter certezas. Tem de estar à altura de nos garantir que o conteúdo do email é falso. E não o fez. Ficámos ainda a saber o valor exacto do rigor presidencial. Se alguém da Casa Civil envolve Cavaco Silva numa maquinação grave, o castigo é mudar de gabinete… Esclarecidos. A trapalhada é enorme e revela pouco sentido de Estado. A publicação do email do Público no Diário de Notícias fê-lo sentir inseguro. Ontem, na véspera de finalmente falar ao País, o Presidente concluiu que os computadores de Belém são vulneráveis… A suspeita e a insinuação continuam. Não tardará que alguém lhe devolva uma frase célebre nos anos 90: É preciso ajudar o senhor Presidente da República a terminar o seu mandato com dignidade. |
4 comentários:
Vamos todos ajudar o Sr.Presidente, que deixou de ser de todos para ser de alguns. Ajuda-lo sim, mas a ir para o Algarve de férias permanentes
Não consigo descrever o que senti depois daquele patético discurso!!!
Subscrevo tudo o que aqui foi dito.
gb
Ouço sempre este jornalista com muita atenção. Aprecio a sua lucidez e a facilidade com que transmite os assuntos.
Quanto à telenovela a que temos assistido....estamos no séc. 21 num país da Europa ?!........
Que saudades do Mário e da sua Maria, do J.Sampaio e até do gen. Eanes...e mais não digo...M.A.A.
O senhor não parece estar bem.O seu discurso de ontem não é de um político na posse de todas as suas qualidades.Revela um egocentrismo exacerbado e inseguro, o medo que lhe sejam negados os direitos e as prerrogativas da função que exerce.
A essa hipersensibilidade opõe-se a falta de um certo sentimento de brio e de resguardo de si próprio, uma espécie de desmazelo e falta de sentimento da vergonha de fazer coisas mal feitas.Não se entende.
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