Valeu a pena ir a Braga

Esta quarta-feira comemorou-se o 133º aniversário da Polícia de Segurança Pública de Braga.

Foi em 30 de Maio de 1877 que a Junta Geral do Distrito criou o Corpo de Polícia Civil da Cidade de Braga.

Por Decreto de 26 de julho de 1877, foi nomeado Comissário da Polícia de Braga, Manoel Brito Furtado Mendonça.

As cerimónias tiveram lugar em Barcelos e foram presididas pelo Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, José Conde Rodrigues e tiveram a presença das autoridades civis e militares locais, como é habitual nestas ocasiões. Estive presente, como convidado, pelo facto de haver sido Comandante daquela força, já lá vão quase vinte anos.

Nada de especial se passou e tudo decorreu dentro da dignidade e seriedade postas em circunstâncias análogas. Os discursos versaram as virtudes da segurança e os esforços levados a cabo para combater todos quantos se perfilam em pô-la em causa, quer no âmbito da criminalidade obscura, quer à luz do dia, nas alterações da ordem pública.

Houve contudo um episódio que muito me sensibilizou e que foi ele o motivo desta minha crónica.

Durante o almoço, um guarda veio ter comigo e disse-me:

" Não se lembra de mim certamente, mas o senhor era meu comandante em 1986, em Stª Apolónia, e fez-me um favor que eu nunca lhe agradeci, mas o qual tenho referido muitas vezes ao longo da minha vida, sempre que se fala de dificuldades na nossa vida.

A minha mulher estava com um problema grave, na sua gravidez, aqui no Norte e eu, por questões de escala estava impossibilitado de cá me deslocar. Na Divisão falei com várias pessoas e todas me diziam sempre o mesmo: não podes ir. Até que esgotei a última hipótese , mas sem esperança e decidido a fazer uma asneira, pensando ir ver a minha mulher, acontecesse depois o que acontecesse.

Pedi para falar com o senhor e depois de lhe haver explicado o que se estava a passar com a minha mulher, perguntei-lhe o que fazer, o senhor apenas me disse:

O combóio está ali próximo, vai-te embora. Depois, o assunto resolver-se-á!

Nunca mais voltei a falar consigo.

Agora, quando lhe entregaram a placa alusiva ao tempo em que comandou o Comando de Braga e ouvi Teles, associei o nome e me lembrei do Major Teles que em 1986 comandava a 2ª Divisão da Polícia de Lisboa, me aliviou num momento de grande aflição. Não podia deixar perder esta oportunidade para lhe dizer muito obrigado e que Deus lhe dê muita Saúde."

Por isto valeu a pena ir a Braga.