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sexta-feira, fevereiro 05, 2010

As mãos ...

 
As minhas mãos magritas, afiladas,
Tão brancas como a água da nascente,
Lembram pálidas rosas entornadas
Dum regaço de Infanta do Oriente.

Mãos de ninfa, de fada, de vidente,
Pobrezinhas em sedas enroladas,
Virgens mortas em luz amortalhadas
Pelas próprias mãos de oiro do sol-poente.

Magras e brancas... Foram assim feitas...
Mãos de enjeitada porque tu me enjeitas...
Tão doces que elas são! Tão a meu gosto!

Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, aonde está o céu?
...Aonde estão as linhas do teu rosto?

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

3 comentários:

Anónimo disse...

A Belinha era muito sofrida e... disse-o. Ainda bem que o fez. Às vezes canto um dos poemas mais conhecidos " Eu quero amar, amar, perdidamente" e faz sempre algun sucesso.
Obrigada por me "obrigarem" a estas reflexões e à prática da digitação.
Até logo
Fbbc

Unknown disse...

Coloquei aqui este poema , porque são as mãos ,o que mais aprecio numa mulher .

Anónimo disse...

H.B.
Calculo, mas não só. Experimentasses teres ficado só com a mãozinha...ou, vá lá, as duas...Mesmo assim seria muito pouco para ti. Não? Mas fica-te muito bem toda a gentileza que demonstras. Continua.
Fbbc