Lágrimas
Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos
Brilhavam como pérolas os prantos.
Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.
E dizia-lhe então, de olhos enxutos:
- "Tu pareces nascida da rajada,
"Tens despeitos raivosos, resolutos:
"Chora, chora, mulher arrenegada;
"Lagrimeja por esses aquedutos...
-"Quero um banho tomar de água salgada."
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
4 comentários:
HB lírico!
Quem diria!!!???
Milagre, só pode!
Enquanto durar a veia lírica do HB postarei poesia com menos assiduidade!
BOA HB!
Deixa-te de ideias e continua a abrilhantar o blogue com os teus excelentes posts poéticos.
Sinceramente, custa-me imenso a perceber a poesia e por isso afasto-me dela.
Só podemos perceber se nos aproximarmos, caríssimo IFFT... :-))
Abraço
Leo
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