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sábado, fevereiro 06, 2010

Lágrimas ...

Lágrimas
 
Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos
Brilhavam como pérolas os prantos.

Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.

E dizia-lhe então, de olhos enxutos:
- "Tu pareces nascida da rajada,
"Tens despeitos raivosos, resolutos:

"Chora, chora, mulher arrenegada;
"Lagrimeja por esses aquedutos...
-"Quero um banho tomar de água salgada."

Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'

4 comentários:

DuarteO disse...

HB lírico!
Quem diria!!!???
Milagre, só pode!

Enquanto durar a veia lírica do HB postarei poesia com menos assiduidade!

BOA HB!

Unknown disse...

Deixa-te de ideias e continua a abrilhantar o blogue com os teus excelentes posts poéticos.

IFFT disse...

Sinceramente, custa-me imenso a perceber a poesia e por isso afasto-me dela.

Rosa dos Ventos disse...

Só podemos perceber se nos aproximarmos, caríssimo IFFT... :-))

Abraço

Leo