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sexta-feira, março 09, 2007

CRÓNICA DE SEXTA-FEIRA (16ª)

A Guerra por Salazar

Acredito que posso ser fatigante para os meus caros leitores quando as minhas crónicas nos remetem para a figura insondável de António Oliveira Salazar, contudo no passado fim-de-semana as “sublevações” perpetradas em Santa Comba Dão granjeiam o meu respectivo juízo.
Ontem, no Debate da Nação na RTP, estive particularmente canalizado nas opiniões dos comentadores políticos (Francisco Assis, Paulo Rangel, António Filipe, Anacoreta Correia e Fernando Rosas) relativamente a este tema. Naturalmente, a esquerda concorda com este projecto se se fermentar a investigação sobre o Estado Novo, o Fascismo português e consequentemente Salazar.
Anacoreta perfilhou com as convergentes opiniões da facção esquerdista – neste âmbito, devo reforçar que apreciei a convicção de Rosas como Historiador e não como político, tal como pretendeu salientar no início da sua argumentação. Agora, concordo integralmente com a tese advogada por Paulo Rangel. O que o deputado social-democrata pretendeu patentear foi que num País livre e democrático temos a liberdade de exaltar os heróis míticos das nossas respectivas localidades. Por conseguinte, é necessário estruturar com exactidão o projecto que pode despoletar os seus efeitos positivos, nomeadamente na esfera turística. Por seu turno, se é um espaço cultural, e não de propaganda do ideário do Estado Novo, então cada indivíduo, no seu consciente, é que problematiza a possibilidade de visitar o museu, visto que é, à priori, livre de optar despido de quaisquer pressões.
São ignóbeis as manifestações eclodidas em Santa Comba Dão. Em suma, se por um Ditador mesquinho e desvirtuado como Oliveira Salazar se fomentam efervescências desta natureza, gramava saber o que se sucederia caso fossem edificados os museus de Hitler, Mussolini e Estaline.
By Afonso Leitão

11 comentários:

Anónimo disse...

Afonso: gostei do teu realismo na análise. Realmente devo admitir que não gostei o que aconteceu. Quanto ao "fatigante" não creio que seja verdade. Pelo menos para mim pois não sei a opinião dos outros leitores. É preciso progredires muito.

Um abraço!

Anónimo disse...

Afonso,

Li como sempre com curiosidade a tua crónica até porque não assisti ao "Debate da Nação". Penso que na nossa democracia não precisamos de ter medo de um "fantasma". São manifestações do tipo da que ocorreu em Santa Comba Dão que contribuem para o ressurgimento da memória do ditador. Mas por que é que não o deixam no sossego da sua tumba? Penso que a nossa democracia se encontra perfeitamente consolidada para ver o Estado Novo como mais um capítulo da nossa História cheia de factos heróicos e também de muitas atrocidades. Por acaso a história dos países e a história universal só falam dos "bonzinhos"?! Não existem também na Europa museus e secções de museus que nos dão a conhecer os actores do nazismo através dos seus espólios? Por exemplo, eu já li num museu parte do testamento político de Hitler, cujo conteúdo muito me indignou. Mas ainda bem que estas coisas nos são dadas a conhecer para que as gerações se vejam confrontadas com as memórias dos horrores das guerras, dos regimes ditatoriais, dos pensamentos tortuosos de alguns detentores do poder. E a terminar: o Senhor de Santa Comba Dão fará parte da nossa História, quer nós queiramos quer não. Por isso penso que não vale a pena gastar energias com estas polémicas.

Um abraço

Lena Pires

Anónimo disse...

Afonso:
Escolheste um tema "polìticamente incorrecto" como tema da tua crónica semanal. Penso no entanto que ela, no essencial está bem.Acrescento a minha opinião:
Julgo que este grupo anti-fascista,profundamente democrático,que se foi manifestar para Santa Comba, deveria canalizar os seus esforços, para levantar um museu na terra natal de Álvaro Cunhal,(desculpem desconhecê-la)
para terem com que se entreter ,nos intervalos da Festa do Avante e revigorarem mais assíduamente o fervor do seu SOL.
Isaías

Anónimo disse...

Afonso Leitão,trouxe ao blog um
assunto actual.
A sua crónica está clara e sem rodeios.Muito bem.Quanto ao resto,
a mim até me dá vontade rir..
Quando com o homem morto,se discute tanto,na televisão, jornais manifestação de rua, e por aí adiante, que faria se o "ANTONINHO" ainda estivesse vivo.
O tempo dele passou.Outro se seguiu.A mim não me faz estorvo
o museu.Como não faço ideia de o
visitar.Gosto muito mais de ver os MONUMENTOS,que há pelo nosso país
e estrangeiro.
Sempre em frente Afonso
Bartolomeu

Anónimo disse...

Amigo Afonso Leitão: Gostei da crónica.Não vi o programa em questão pois em dia de Benfica europeu é feriado na loja, mas, devo confessar-te que, também não perdia tempo com tal tema pela simples razão de que de Salazar fiquei farto e sinceramente não me afecta nada que o glorifiquem os seus conterrâneos!Em democracia plena temos que saber respeitar os demais, sejam quais forem as suas ideias, tanto mais que já somos crescidinhos para discernir e separar o trigo do joio.Como sabes sou Capitão de Abril (também com ficha e informações na PIDE )sem qq complexos,não desertei e lutei pelo meu país como tantos mais e sem esquecer o passado tenebroso tento preocupar-me mais com o futuro,não meu, que já praticamente não conto,mas dos meus filhos e netos ou seja das novas gerações para quem Salazar e o Estado Novo em abono da verdade nunca existiram e nada representam!Agora amigo, sou particularmente exigente para com os políticos a quem um dia entregámos a governação deste país, de mão beijada, pela única e simples razão de ter arriscado a minha carreira e porque não a minha vida para que isso fosse possível, daí ter motivação suficiente para pregar essa exigência.

Anónimo disse...

Isaías : O camarada Álvaro nasceu em Coimbra mas é natural de Seia.Aliás ainda hoje isso se verifica aqui, é um facto normal,as pessoas nascem em Coimbra e são registadas na localidade da sua residência.
VBarata : Nunca me enganaste politicamente embora às vezes tivesse algumas dúvidas e este teu comentário é a prova disso.Gostei imenso do que escreveste e subscrevo por baixo. Posso não ser tão exigente para os políticos como tu ( não sabia nada de política ), porque quando fui trabalhar para o Banco nesse memorável dia(25 de Abril de 1974)não fazia ideia do que se estava a passar,mas vi logo que era algo de fundamental para as n/vidas e do n/País. Não me deixaram entrar no Banco e pediram-me( tiraram-me )as chaves. Aí comecei a abrir os olhos e tenho somado 1+1 que dá 2 ( ás vezes ). O que é preciso nestas alturas, quando a soma não dá 2, é que tenhamos lucidez bastante para discernir e não cair em tentações perigosas.
Um grande abraço para os dois

Anónimo disse...

Falou-se em Álvaro Cunhal, então porque não em Afonso Costa que naceu na freguesia onde eu resido: Santiago. Sei onde foi encontrado bébé e onde foi criado nos primeiros anos: na ladeia de Maceira que pertence à freguesia de Santiago. É verdade que foi um corrupto, mas é um vulto nacional de Seia, particularmente do meu espaço rural. São as diversas dimensões.

Eu costumo dizer: se se escrevesse a História de Portugal em 10 páginas, Salazar ocuparia garantidamente 1 página (foram 36 anos - atravessou gerações); Álvaro Cunhal e Afonso Costa nem duas linhas.

Um abraço

Anónimo disse...

Realmente já percebemos quanto aprecias escrever sobre Salazar. Tenho a percepção que lá no fundinho da tua alma o respeitas muito, não como político, isso já se percebeu que não, mas como bom aluno e Professor que parece não restar dúvidas que o foi. Possivelmente não te dás conta, mas todas as pessoas que te deixam marcas, ou foram alunos de destaque, ou são professores diferentes ou as duas coisas.
Quanto à crónica concordo contigo, porque não hão-de os seus conterrâneos perpetuar a memória de Salazar através de um museu? Entenda-se Salazar na sua época. Gostei muito desta crónica, está bem escrita e considero-a muito pessoal se é que te conheço bem.

Anónimo disse...

Concordo plenanamente com a tua mãe considero que és salazarista intelectual e antisalazarista político. Não concordo com algumas críticas feitas por alguns leitores anteriores a ti, contudo pareceram-me muito bem estruturados.

Parabéns Afonso Leitão

H.B. disse...

Essa do Salazarismo intelectual é boa !!!!! Nem sonhar !!!!! A aprendizagem nesta fase da tua vida é assim mesmo , continua e verás que esses rótulos nada dizem no presente e muito menos dirão no futuro . Só conhecimento e nada mais.

Anónimo disse...

Desculpe mas não foi isso que disse. O Afonso é um pareciador da intelectualidade de Salazar e não concorda com a obra politica dele!

Foi o que me pareceu não só do comentário da mãe e da crónica. Pergunte aos outros leitores se não é assim?