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quarta-feira, agosto 22, 2007

Mostra de filmes faz discutir ficção e realidade em Trás-os-Montes

Da n/ Lena Pires recebi um email com esta notícia , que muito me apraz dá-la a conhecer:


Uma reflexão sobre o cinema que se fez em Trás-os-Montes, em confronto com a realidade dessa região é o objectivo de um seminário e de uma mostra de filmes que decorrerão proximamente em Vimioso, no nordeste transmontano.

A ideia partiu de António Preto, investigador e crítico de cinema com origens em Trás-os-montes que vive há um ano em França, onde está a fazer o seu doutoramento sobre semiologia do cinema na Universidade deParis-Diderot.

Trata-se, segundo explicou à agência Lusa, de "apresentar os filmes nos lugares onde foram feitos", para "fazer reflectir sobre o devir da paisagem e questionar as práticas sociais", acrescentou.

A mostra, que será apresentada com entrada livre entre 30 de Agosto e 2 seSetembro, inclui filmes como "Trás-os-Montes" (1976) e "Ana" (1985), deAntónio Reis e Margarida Cordeiro, rodados na região de Vimioso, ou"Veredas" (1977), de João César Monteiro, filmado também ali e na zona deMiranda do Douro.Intitulada "A Reposição - O Cinema em Trás-os-Montes", esta iniciativa de dimensão pedagógica realiza-se no auditório da Casa da Cultura de Vimioso,onde a Câmara Municipal disponibilizou o recém-inaugurado Pavilhão Multiusos para os participantes que nele queiram "acampar" gratuitamente.

Pelo confronto entre as duas representações, "uma que se mostra e outra que se vê", e pelas discussões que contarão com a presenças de alguns dos realizadores dos filmes apresentados, António Preto espera que "A Reposição" possa promover "um espaço de abertura, de descoberta, de troca e de debate".

Na ocasião será editado um livro com textos de reflexão sobre o tema e informação relativa aos filmes programados.Entre curtas, médias e longas metragens, poderão ser vistos 19 filmes, entre os quais "Acto de Primavera" (1963), de Manoel de Oliveira, "Matar saudades"(1987), de Fernando Lopes, "Máscaras" (1976), de Noémia Delgado, "Pedro Só"(1972), de Alfredo Tropa, ou "Ana" (1985) e "Rosa de Areia" (1989), ambos deAntónio Reis e Margarida Cordeiro.


© 2007 LUSA - Agência

4 comentários:

H.B. disse...

Gostava de assistir.Vou tentar

Anónimo disse...

Estou a ler no texto o filme o Acto
da Primavera.Se bem me lembro este
filme foi rodado na aldeia de
Curalha em Chaves.
É uma excelente iniciativa.
Gostei de tomar conhecimento
Bartolomeu

Anónimo disse...

Curalha - está certo - paixão e morte de Cristo.Foi filmado nos anos 60.Vi ao vivo no final da década de 70 em Chaves.
Gostei de ler que Vimioso mexe e com sentido de pertença alargado.É pena não poder estar presente.Seria interessante que quem lá estiver,reporte para oa ausentes.

VV disse...

Há quase 30 anos (1979), então ainda estudante, foi-me solicitado pela Eunícia Salgadinho, funcionária do Cineclube do Porto (que conhecia o meu gosto por maquinetas, e que eu sabia operar projectores), para passar uma semana em Vila Flor, Moncorvo e Mirandela, na companhia de António Modesto Navarro, que, no âmbito da Associação do Nordeste Transmontano, organizara uma Mostra de Cinema sobre Trás-os-Montes.
Usávamos máquinas de 16 mm e projectávamos em sítios estranhos, como o Pavilhão do Liceu de Moncorvo (repleto de pessoas encasacadas devido ao frio intenso).
Fui de camioneta de Vila Flor para Moncorvo, transportando a pesada máquina e vestindo uma samarra e luvas emprestadas pelo Tino, e almoçava sandes e "carbo-sidral", que o subsídio da Secretaria de Estado da Cultura não dava para mais...
Com a febre que apanhei, as mãos tremiam-me tanto que deixei cair a lâmpada da máquina, que era transportada à parte justamente para... não partir!.
Foi uma experiência fantástica.
Tive o privilégio de conhecer o pai dos Navarro, antigo ferrador, já bastante idoso.
Lembro-me da presença de Noémia Delgado, e de outro realizador (Fonseca e Costa? não recordo bem...), do crítico Matos Lopes do DL?), de Tété (a mulher-palhaço) e dos ingleses "One Penny Show", um "circo" de 3 artistas deslocando-se em duas carrinhas adaptadas, que compraram dois fogões a lenha para levar para Inglaterra...
Ou da sessão numa aldeia, em que ninguém entrou no salão sem que, primeiro, o padre o fizesse...
Ou o empregado do café onde tomava o pequeno-almoço, em Vila Flor, que, no filme "Moncorvo", aparecia a jogar a "vermelhinha" num guarda-chuva, durante uma feira...
Recordo o regresso de França, para nos ajudar, de Tino Navarro, irmão do António, e da casa dele, onde fiquei alojado junto com dois outros projeccionistas vindos de Lisboa - também por carolice.
Quero homenagear o Modesto Navarro por aquela iniciativa, e também os promotores desta nova aventura.
E quero igualmente homenagear os transmontanos, em especial os que figuram naqueles filmes: gente firme, correcta, por vezes ingénua, mas sempre hospitaleira.