Ao ler um livro com o título "Ares de Trás-os Montes", não resisto a transcrever um excerto do mesmo para o nosso blogue, face ao pensamento espontâneo de um português relativamente a Espanha.
"Nos fins do século XIX,ainda nos tempos do rei D.Luís, escolheu-se, em Lisboa, entre a gente do Governo o Nordeste de Trás-os-Montes como teatro de umas manobras militares de certa envergadura, concentrando-se aí forças de várias armas vindas de outras províncias.
Um coronel velhote, na impossibilidade de se servir de uma montada , requisitara em Mirandelauma derrancada carruagem de aluguel e nela se lançou a caminho de Bragança, com um moço oficial às ordens, que se limitava, como manda a ordem, a ouvir e calar.
Durante horas e horas decorrera a jornada, ouvindo-se apenas o chouto dormitivo dos solípedes que o cocheiro, requeimado pela torreira, ia estoicamente afoitando.
Aquelas terras de Bragança, desnudas e quase ermas, pareciam nunca mais ter o seu termo.
O pobre coronel, sob as mandíbulas do reumático, sentia-se tão farto daquela jornada que, uma vez ou outra, sem fazer caso do ajudante que ao seu lado dormitava, resmungava:
-Mas por que é que o Senhor D.Luís não dá isto aos Espanhóis? "
"Nos fins do século XIX,ainda nos tempos do rei D.Luís, escolheu-se, em Lisboa, entre a gente do Governo o Nordeste de Trás-os-Montes como teatro de umas manobras militares de certa envergadura, concentrando-se aí forças de várias armas vindas de outras províncias.
Um coronel velhote, na impossibilidade de se servir de uma montada , requisitara em Mirandelauma derrancada carruagem de aluguel e nela se lançou a caminho de Bragança, com um moço oficial às ordens, que se limitava, como manda a ordem, a ouvir e calar.
Durante horas e horas decorrera a jornada, ouvindo-se apenas o chouto dormitivo dos solípedes que o cocheiro, requeimado pela torreira, ia estoicamente afoitando.
Aquelas terras de Bragança, desnudas e quase ermas, pareciam nunca mais ter o seu termo.
O pobre coronel, sob as mandíbulas do reumático, sentia-se tão farto daquela jornada que, uma vez ou outra, sem fazer caso do ajudante que ao seu lado dormitava, resmungava:
-Mas por que é que o Senhor D.Luís não dá isto aos Espanhóis? "
6 comentários:
Será que os espanhois nos quereriam ou se querem ????
Duvido ....
Naquela altura seria um mau negócio para "nuestros hermanos"...mas agora, com os índices de desenvolvimento que organizações insuspeitas já nos atribuem,porque não?Algum país desdenharia acrescentar às suas sinergias o "apport" que nós poderíamos dar em áreas tão vitais como a Educação(onde há séculos não temos qq contestações)a Saúde onde atingimos patamares nunca antes vistos ( 7º lugar na lista da OMS bem á frente de outras potências com mais recursos e com tradições nesta área como Inglaterra, países nórdicos e pasme-se EUA...)a Segurança Social (onde atingimos o pleno emprego e temos as reformas mais aliciantes da Europa)a Segurança (onde se verifica um apaziguamento nunca antes visto nas FA e de Segªcom o correspondente reflexo no combate à marginalidade)na Justiça (onde se atingiu um grau de confiança tal nas Instituições que praticamente não há grandes casos e os que há são rapidamente julgados e o banditismo foi praticamente erradicado)...etc...etc...etc...Então os espanhois não iam gostar de nos anexar?Já imaginaram o que seria acrescentarem ao seu crescimento esperado para este ano (3.8%)o nosso próprio crescimento(1,1%)?
Há...já me esquecia de referir o que me disse há tempos o meu amigo Paco:"Os dimos la oportunidad de pertenecer a un gran país...no la quisisteis aprovechar, ahora NO OS VAMOS A DAR OTRA".Pois bem ...como se enganou o meu amigo Paco...então nós não somos já um grande país!
Pela descrição parece ser um livro interessante sob ponto de vista histórico e, especialmente, social. Como sabe, a desertificação e as assimetrias oitocentistas eram evidentes entre Lisboa e o "resto" do País. E de facto pela sua análise, é isto que pretende transparecer. É pena afirmarmos algo tão degradante. Quanto aos espanhóis duvido que aceitassem, contudo com sua mentalidade rapidamente potencilizavam a região. Muitos parabéns pela partilha da cultura "livresca" que como ouvi hoje infelizmente pode estar em vias de extinção.
Diga-me só uma coisa: quem o autor deste livro?
Um abraço.
Como também gostava de o ler fiz uma curta pesquisa e não está fácil,contudo julgo que o autor é Sat'Anna Dionisio.Se souberes mais alguma coisa publica.
Descobri que foi editado pela editora Lello & Irmão-San'Anna Dionísio-Ares de trás os Montes.
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