Na crónica desta semana pronunciar-me-ei sobre uma figura indelevelmente articulada com o sistema totalitário fascista no tempo de Salazar. Refiro-me ao influente Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira. A razão é muito concreta: na quarta-feira, dia 1 de Agosto, comemorou-se o trigésimo aniversário do seu falecimento.
Nasceu em 1888 na freguesia de Santa Marinha de Lousado, no concelho de Famalicão.Sacerdote desde 1911, a partir de 1909 frequentou a Universidade de Coimbra, onde se formou em Teologia (1912) e se doutorou em Letras (1918).
Salazar e Cerejeira irão reestruturar o Centro Académico de Democracia Cristã, organização que congregava estudantes e professores contra a corrente maçónica e anti-clerical do republicanismo.A consolidação do regime saído do golpe militar de 28 de Maio de 1926 é acompanhado pela rápida ascensão de Cerejeira na Igreja: em 1928 é nomeado Arcebispo de Mitilene; em Novembro de 1929 é escolhido para Patriarca de Lisboa e, no mês seguinte, é elevado a Cardeal, ao mesmo tempo que o futuro Papa Pio XII.Como chefe da Igreja Católica Portuguesa o Cardeal Cerejeira empenhou-se na elaboração da Concordata e do Acordo Missionário, assinados em 1940 entre o Estado Português e a Santa Sé.
Apesar da grande identificação da Igreja, chefiada pelo Cardeal Cerejeira, com o Estado Novo, essa relação não foi isenta de conflitos. Em 1938 o Ministro da Educação, Carneiro Pacheco, pretendeu integrar os Escuteiros na Mocidade Portuguesa. O Patriarca de Lisboa opôs-se com determinação e o caso só ficou concluído dois anos mais tarde.
A criação da Universidade Católica, em 1967, foi motivo de novo conflito já que Salazar queria preservar o monopólio estatal do ensino superior.
Externamente, D. Manuel Gonçalves Cerejeira participou nos conclaves que escolheram os Papa Pio XII, João XXIII e Paulo VI. Acompanhou os trabalhos do Concílio do Vaticano II, no princípio dos anos 60.
Cerejeira trava então um dos últimos combates em defesa do regime que coadjuvara a erigir, considerando a acção dos católicos progressistas como “dissolvente” e levando o episcopado a classificá-los como “grupos marginais”.Sobrevive à morte política e física do amigo e vem a resignar do cargo em 1971.Em suma, aquele que ficou conhecido como o Patriarca do Estado Novo assistirá ainda ao 25 de Abril, falecendo em 1977 com 89 anos de idade.
BibliografiaNasceu em 1888 na freguesia de Santa Marinha de Lousado, no concelho de Famalicão.Sacerdote desde 1911, a partir de 1909 frequentou a Universidade de Coimbra, onde se formou em Teologia (1912) e se doutorou em Letras (1918).
Salazar e Cerejeira irão reestruturar o Centro Académico de Democracia Cristã, organização que congregava estudantes e professores contra a corrente maçónica e anti-clerical do republicanismo.A consolidação do regime saído do golpe militar de 28 de Maio de 1926 é acompanhado pela rápida ascensão de Cerejeira na Igreja: em 1928 é nomeado Arcebispo de Mitilene; em Novembro de 1929 é escolhido para Patriarca de Lisboa e, no mês seguinte, é elevado a Cardeal, ao mesmo tempo que o futuro Papa Pio XII.Como chefe da Igreja Católica Portuguesa o Cardeal Cerejeira empenhou-se na elaboração da Concordata e do Acordo Missionário, assinados em 1940 entre o Estado Português e a Santa Sé.
Apesar da grande identificação da Igreja, chefiada pelo Cardeal Cerejeira, com o Estado Novo, essa relação não foi isenta de conflitos. Em 1938 o Ministro da Educação, Carneiro Pacheco, pretendeu integrar os Escuteiros na Mocidade Portuguesa. O Patriarca de Lisboa opôs-se com determinação e o caso só ficou concluído dois anos mais tarde.
A criação da Universidade Católica, em 1967, foi motivo de novo conflito já que Salazar queria preservar o monopólio estatal do ensino superior.
Externamente, D. Manuel Gonçalves Cerejeira participou nos conclaves que escolheram os Papa Pio XII, João XXIII e Paulo VI. Acompanhou os trabalhos do Concílio do Vaticano II, no princípio dos anos 60.
Cerejeira trava então um dos últimos combates em defesa do regime que coadjuvara a erigir, considerando a acção dos católicos progressistas como “dissolvente” e levando o episcopado a classificá-los como “grupos marginais”.Sobrevive à morte política e física do amigo e vem a resignar do cargo em 1971.Em suma, aquele que ficou conhecido como o Patriarca do Estado Novo assistirá ainda ao 25 de Abril, falecendo em 1977 com 89 anos de idade.
Sítios da internet
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Gon%C3%A7alves_Cerejeira
http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Cardeal+Cerejeira&meta=
http://www.circuloleitores.pt/cl/artigo.asp?cod_artigo=123371
By Afonso Leitão
7 comentários:
Boa Afonso . Bom tema para debate apesar de ser um personagem com a qual eu não vou perder qualquer tempo
Um grande abraço e cá te espero para o almoço combinado , no Gambrinus ou afim ok?
Vou-me deitar..
Ok, mas não será no dia dos meus anos.
AVISO: não pagas na totalidade!
Grande abraço
Ainda falamos hoje
Olá Afonso, espero que continues a passar umas boas férias!!! Continuas semana após semana a premiar todos os visitantes deste blog com uma enriquecedora crónica!!! Pessoalmente gosto do tema desta, embora não seja adepta desta personagem histórica!!
Saudosos cumprimentos e continuação de boas férias!!!
Olá Afonso,
Tema inesperado o desta crónica que nos recorda uma das figuras do Estado Novo. Confesso que foi personalidade que nunca me interessou e mal dei pelo seu papel na sociedade portuguesa, talvez por nunca ter estado envolvida em grupos, acções ou projectos da igreja católica, mas sem dúvida que faz parte da história de uma época do nosso país e há que a considerar como tal.
Continuação de boas férias!
Um abraço
Lena Pires
Pessoalmente considero o Cardeal Cerejeira uma figura de grande relevo da História Religiosa portuguesa. Um grande amigo de Salazar, de facto.
Gostei da crónica
Cumprimentos
meu caro amigo afonso leitao quando e que te decides debruçar sobre o tema "Amizade" e escreves uma cronica sobre os teus amigos?
Por falar em amigos estamos a organizar uma trip as Lajes para fazermos uma surpresa ao nosso caro amigo Fabio Costa e estamos a contar contigo...depois ja te adianto os promenores! beijinhos
continuo a espera da famosa mariscada! sera dia 7?
Afonso tenho estado ausente.
Gostei da sua crónica e trouxe um
tema sobre um dos "pilares" do
antigo regime.
Muito bem
Bartolomeu
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