M.C. disse...
Fui a Pagan,que foi capital do reino do Pegu no séc XI e hoje é conhecida como a terra dos mil templos.
Fui a Pagan,que foi capital do reino do Pegu no séc XI e hoje é conhecida como a terra dos mil templos.
Há uns vinte e três ou 24 anos estive lá , já a Birmânia era coisa de ditadores militares, Ne Win na altura , um país que se chamava União Socialista de Birmânia e em que o partido comunista era proibido.
Só era permitido ficar sete dias e à entrada tínhamos que preencher um lençol com os pertences e outro com as divisas estrangeiras que levávamos, sendo obrigatório o registo de todas as despesas em moeda estrangeira de que se encarregavam os hotéis e similares.
Escusado será dizer que o mercado negro de moeda era intenso e os cigarros americanos,especialmente, eram moeda forte.Uma Bic seria uma prenda que faria feliz qualquer pessoa. As pessoas nas ruas eram simpáticas e já nessa altura não perdiam nenhuma ocasião de falarem com estrangeiros .
"What country? What country?" E depois de referir os países nossos vizinhos, vinha a exclamaçãode surpresa: AH!, Portugui!" Se o interesse deles era conseguir dólares, preguntavam:"Change money? Change money?" Mas aí tinha que ser-se cauteloso quer por ser proibido, quer para não se ser enganado.
Naqueles 7 dias visitei 4 cidades viajando sempre de avião, e ora encontrávamos ora perdíamos pessoas que encontráramos à chegada no aeroporto.Aung Saan Suu Kyi ,na altura, era uma ilustre desconhecida em Inglaterra onde casara com um professor universitário de quem tinha dois filhos, depois de ter trabalhado vários anos nas Nações Unidas.Depois de volvidos todos estes anos e tendo já passado os episódios de 1988/90, é doloroso ver como a parte armada do país consegue manter-se no poder. E só há uma explicação : o desinteresse dos vizinhos e do mundo em geral pelos crimes internos de um país,que não são assumidos como vergonhosos para a própria humanidade; e em simultâneo os interesses económicos, financeiros,estratégicos e o que se quiser dos países que compram e vendem os mais variados produtos.
E é verdade que a Birmânia tem problemas étnicos não resolvidos,em especial o dos kahren e o dos Saan, que de forma e em grau diferentes aspiram à sua separação do país em que estão integrados. Voltando a Pagan, que no vídeo é referida como Bagan,passei lá dois dias a ver uma parte das dezenas e dezenas de templos ou restos de templos que ilustraram a magnificência da cultura e do poder do reino de Pegu .
Nesses dias andámos de carroça puxada por cavalo( no 2º dia veio o Speedy Gonzalez, porque nos queixámos que era tudo muito lento!!!) e a cidade era pouco mais que uma pequena aldeia - com um hotel muito bom,outro que tinha ficado com as obras a meio e umas pensões - sobre um rio opulento - o Irra Waddy, se a memória não me falha!A Junta Militar mudou o nome do país para Myanmar.Ora , em chinês o nome do país é Mintin.
Há-de haver uma razão linguística longínqua para esssa mudança, mas ela sofre do pecado capital da sua origem ditatorio-militar uma vez que está associada à repressão após os resultados eleitorais e às mortes, 3 mil, a que deu origem.E que dizer do espectáculo grandioso de milhares de monges pelas ruas de Rangoon e de Mandalay, a antiga capital real, em substituição do sofrimento do povo e que têm encabeçado as notícias internacionais há oito dias?Andava há dias com vontade de vos transmitir o que sei da Birmânia e só podia mesmo agarrar a oportunidade que o Helder me forneceu.
A Birmânia merece de todos nós um pensamento de compreensão, solidariedade e força para retomar o seu caminho de liberdade e progresso social a que tem direito.
Bendito Passeio virtual , que tal comentário mereceu do nosso M.C
2 comentários:
Manuel era e é o conceito que faço
e fazia da Birmânia.
País pobre, com muito poucos recurso e governado por uma junta.
Democracia....
Coitada gente
Bartolomeu
mc,gostei!!
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