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terça-feira, junho 03, 2008

O perto, o longe e a perda

Estar longe não significa estar só. Estar perto não significa estar acompanhado.

Nos momentos difíceis que atravessamos se sentirmos que, embora longe, há outros seres que nos acompanham na dor, esse facto reconforta-nos e permite-nos suportá-la melhor. Podemos estar sós, isolados, mas sentimo-nos sempre rodeados do afecto dos outros seres.

Se estivermos no meio de gente e não houver da nossa parte ou da outra, qualquer traço de afectividade, poderemos viver uma solidão profunda, acompanhados.

O afecto, nas suas mais variadas formas, família, amigos, amores, cão, gato, etc, é o suporte das nossas vidas. A nossa vida é uma sequência mais ou menos organizada de memórias afectivas.

Se há perdas significativas surge o choque, a negação, a revolta, a aceitação e por fim a reorganização dos nossos afectos e da nossa vida. Infelizmente nem sempre conseguimos ultrapassar estas fases e continuar.

Sempre assim foi, sempre assim será.

Quando sabemos e sentimos que desde a Bélgica, passando por França, entrando pelo nordeste, cidade invicta e arredores, serra da estrela, cidade dos templários, cidade dos doutores, beira alta e baixa e mais a sul, na capital, outra banda e linha, há seres humanos que estão connosco, a dor suaviza-se, e é mais fácil proceder à nossa reestruturação interior.

Mas nunca mais seremos os mesmos.

O sofrimento não redime nem purifica como pretende a ICAR, mas modifica-nos, amadurece-nos e prepara-nos para enfrentar novas adversidades, ou revolta-nos e torna-nos “amargos e frios” para sempre.

Tal como um rio, umas vezes com grande caudal, outras vezes quase seco, corre sempre para o mar, também a nossa vida corre, com momentos de alegria e satisfação e momentos de dor e tristeza, inexoravelmente para um fim.

A questão é saber aceitar as duas faces deste devir e lutar, saboreando o doce e o amargo da vida, conforme nós próprios e o acaso a vamos construindo.

Esse é o esforço permanente que todos nós temos de exercitar.

Kanimambo, meus amigos!

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem!
Notável e brilhante a forma como esta ideia foi expressa!
Parabéns e o abraço do
JSena

Anónimo disse...

O sofrimento pode não redimir nem purificar... mas aguça o engenho.O teu texto é já um clássico.Abraço.

Anónimo disse...

Uma perda é sempre qualquer coisa inestimável que só poderá neutralizar-se, se acreditarmos. E quem acredita não se afasta... Apenas se desvia um pouco no tempo!
Estamos convosco. Né e F.A.