A auto-estrada rosa que, afinal, é laranja
O Público, perdão, o PSD inventou agora uma auto-estrada rosa, um luxo socialista.
Olhando atentamente para o mapa que o PSD distribuiu na Assembleia da República, facilmente se percebe que, se auto-estrada do luxo existe, ela foi lançada precisamente pelo PSD, mais precisamente pela Ministra de Estado e das Finanças de Durão Barroso, que assinou por baixo a construção da auto-estrada Porto-Oliveira de Azeméis. Provavelmente, porque o PSD achava, na altura, que essa seria a melhor maneira de servir aquelas populações.
Mas, se continuarmos a olhar para o mapa, percebemos que a auto-estrada do luxo desce por aí abaixo, substituindo o IC2 (antiga EN1), entre Oliveira de Azeméis e Coimbra, eliminando, dessa maneira, uma das estradas que mais vidas ceifou nas últimas décadas - é que o IC2 está transformado numa estrada quase urbana de grande densidade de tráfego.
Nesse troço, a auto-estrada do luxo vai beneficiar directamente os concelhos de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Anadia e Coimbra, que de cor-de-rosa pouco têm.
Mas olhemos melhor para o mapa. A partir de Coimbra, e até Tomar, a auto-estrada do luxo inclina-se para o interior e vai tirar do isolamento os seguintes concelhos: Miranda do Corvo, Penela, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Alvaiázere, Ferreira do Zêzere e Tomar. Também eles muito pouco rosa...
De Tomar para baixo, o mapa só existe ainda na cabeça dos estudiosos da São Caetano...
Antes de voltar a mostrar o mapa da auto-estrada cor-de-rosa, talvez não fosse má ideia a Dr.ª Manuela falar com os autarcas dos concelhos acima mencionados. Para perceber que não, essa auto-estrada não é para viajar de Lisboa para o Porto, ou vice-versa. Essas estradas, porque de várias se trata, destinam-se a servir, em condições similares às das populações do litoral, os portugueses do interior, que já pagaram com os seus impostos as auto-estradas do litoral e ainda são obrigados a perder horas e vidas em estradas feitas para os (poucos) carros dos seus avôs.
Se falar com os autarcas acima mencionados, a Dr.ª Manuela é capaz de ter uma surpresa:
- — Não, Senhora Doutora, para ir de Lisboa ao Porto, os senhores têm há décadas a A1, que agora até tem três faixas em quase toda a extensão. Estas são mesmo para nós, para as nossas empresas, para as nossas actividades... que não somos portugueses de segunda.
in Câmara Corporativa
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