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segunda-feira, julho 13, 2009

Leituras para o verão

Em primeiro lugar vinha Camões porque, como escrevi em O Ano da Morte de Ricardo Reis, todos os caminhos portugueses a ele vão dar. Seguiam-se depois o Padre António Vieira, porque a língua portuguesa nunca foi mais bela que quando a escreveu esse jesuíta, Cervantes, porque sem o autor do Quixote a Península Ibérica seria uma casa sem telhado, Montaigne, porque não precisou de Freud para saber quem era, Voltaire, porque perdeu as ilusões sobre a humanidade e sobreviveu ao desgosto, Raul Brandão, porque não é necessário ser um génio para escrever um livro genial, o Húmus, Fernando Pessoa, porque a porta por onde se chega a ele é a porta por onde se chega a Portugal (já tínhamos Camões, mas ainda nos faltava um Pessoa), Kafka, porque demonstrou que o homem é um coleóptero, Eça de Queirós, porque ensinou a ironia aos portugueses, Jorge Luis Borges, porque inventou a literatura virtual, e, finalmente, Gogol, porque contemplou a vida humana e achou-a triste.
Que tal? Permitam-me agora os leitores uma sugestão. Organizem também a sua lista, definam a "família de espírito" literária a que mais se sentem ligados. Será uma boa ocupação para uma tarde na praia ou no campo. Ou em casa, se o dinheiro não deu para férias este ano.
By José Saramago in DN

1 comentário:

mc disse...

O José Saramago está cheio de humor. Sugerir que no curto período de um mês de férias,em que há tanto para desarrumar e limpar, caibam Húmus e O Sermão de S.António aos Peixes ou outro , isto para não falar de Voltaire ou de Montaigne ou das complicações kafkianas,é mesmo e só de quem tem a cabeça ensolarada ou está com os pés na lua!!!Com todo o respeito,claro. Isto são boas leitura para as longas e frias noites de inverno à lareira!Digo eu!