A versão da família é descrita ao PortugalDiário pela advogada Sara Cabeleira que defendeu o sargento Luís Matos Gomes. A criança nasceu em Fevereiro de 2002 e o pai biológico nunca manifestou interesse pela menor até ser convocado pelo Ministério Público, em Maio de 2003, para realizar testes de ADN com vista a averiguar a paternidade.
O casal foi ouvido no processo de regulação do poder paternal e por determinação do juiz a criança deveria manter-se na família que a acolheu até à decisão final do processo. A partir daí, nunca mais foram chamados.
Entretanto, o processo de adopção ficou suspenso até ficar decidida a regulação do poder paternal.
Em 2004 o Tribunal de Torres Novas decide atribuir o poder paternal ao pai biológico. O casal é notificado da decisão em Julho e recorre para o Tribunal da Relação de Coimbra por entender que devia ter sido ouvido como parte nestes processo e não como mera testemunha.
Não lhes é dada razão e, em 19 de Janeiro de 2005, reclamam para o Tribunal Constitucional que decide aceitar o recurso. O recurso está pendente desde essa data.
A advogada lamenta que «a juíza que disse ao arguido o senhor está aqui por amor a uma criança tenha sido a mesma que o condenou a pena de prisão».
A versão do pai biológico
A versão do pai biológico é contada pelo seu advogado, José Luís Martins. Baltazar teve uma relação ocasional com a mãe da menor, imigrante brasileira, que aos oito meses de gestação o informou de que era o pai do bebé. Descrente em relação à paternidade, o progenitor acedeu, no entanto, em realizar os testes de ADN quando para isso foi chamado pelo Ministério Público.
Quando soube que os testes o davam como «pai muito provável», o técnico de tectos falsos decidiu perfilhar a criança e «iniciou de imediato várias diligências para encontrar a filha».
Procurou-a «desalmadamente» junto da mãe biológica e do tribunal. Quando finalmente soube que a criança residia com um casal em Torres Novas, dirigiu-se à casa «com um presente para entregar à filha e disposto a resolver tudo a bem, desde que o casal lhe entregasse a menina».
A senhora fechou-lhe a porta e foi essa a primeira e última vez que viu a criança. Há três anos que a senhora desapareceu com a menina, antes mesmo de o tribunal ter decidido conferir-lhe o poder paternal.
«Há anos que a menina não é vista em público e, apesar de o médico que a acompanhou desde bebé ter jurado em tribunal que a viu no seu consultório, há dois meses, e que esta estava bem, em bom rigor, e tal como disse o tribunal, ninguém pode garantir que esteja viva».
O pai biológico «pessoa humilde e muito inteligente, não abandonou a criança e fez tudo para que esta lhe fosse entregue a bem, o que deveria ter acontecido quando aquela tinha 16 meses».
Se para muitos a conduta do casal pode ser interpretada como «amor», o advogado do pai biológico entende que «não é um amor conforme com os interesses da criança e sim um acto de egoísmo». «Quem olhar para este processo de modo imparcial, não pode deixar de entender que este casal apropriou-se da criança e não tem equilíbrio e estabilidade para criá-la».
«Se a criança tivesse sido entregue a bem, logo que o pai biológico a procurou, então provavelmente hoje o casal podia ser padrinho da menina e vê-la regularmente». Mas isso «era se tudo tivesse sido diferente», remata. Leia a primeira parte deste artigo: «Pai adoptivo pode ser libertado»
2 comentários:
Osório.Estou a entrar no Blog,não
para fazer comentário,será mais
tarde.
Quero felicitar-te pelo teu artigo publicado na revista "NORTADA",referente ao mês de Janeiro,sendo o tema a"saúde mental, a psiquiatria e nós.
Muito bem Duarte Osório.Quem tem valor é assim.
Um abraço OLD
A Justiça(?) voltou a meter a pata na poça e tem o povo em pé de guerra contra ela, a começar por um procurador do TC, que parece ter descoberto uma fenda que permitirá aliviar a tensão, pois que o caso foi decidido sem que o tribunal tivesse ouvido os pais de facto.Veremos.A quem poderá interessar toda esta algazarra neste momento? MC
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