"Preso por amor", foi o titulo dos jornais que descreveram este drama.
O "pai adoptivo" é descrito como o herói pleno de amor paternal (do qual não duvido), e o pai biológico é o vilão que só agora, passados 5 anos, reclama a paternidade da filha.
Editoriais de jornais, colunistas, peritos de isto e daquilo, fotografias dos "avós adoptivos" de lágrimas nos olhos, grandes entrevistas a "tias adoptivas", populares e intelectuais da psicologia e da justiça em abaixo assinados, temos lido de tudo.
Só não temos lido as razões do pai biológico.
A "mãe adoptiva", com a criança, desaparecida em parte incerta.
E o "pai adoptivo" preso em Tomar por não cumprir as determinações do Tribunal (entregar a criança ao pai biológico).
A mãe biológica (brasileira?) ausente, emigrante algures na Suiça.
Vejamos sucintamente a história que consegui respigar dos jornais:
- há 5 anos uma jovem teve uma ligação passageira com um jovem
- a jovem engravidou
- o putativo pai biológico diz que só perfilha a filha se ela for filha dele
- a mãe biológica "dá-a" a uma família que ela julga poder tratar bem dela
- Esta família, "pais adoptivos", ao fim de 1-2 anos desencadeiam o processo de adopção
- a criança foi registada como filha de pai incógnito, facto que levou o Tribunal investigar
- O Tribunal concluiu após exames que "A" era o pai biológico
- o pai biológico quando tem a certeza da paternidade perfilha a filha e desencadeia o processo de poder paternal
- isto há cerca de 3 anos
- o processo continua a desenrolar-se nos Tribunais
- neste tempo a criança continua com os "pais adoptivos" apesar de já estar perfilhada
- ao fim de 3 anos o Tribunal atribuiu a criança ao pai biológico
- a criança continua em parte incerta com a "mãe adoptiva"
- o "pai adoptivo" por desobedecer ao tribunal, não cumprindo a lei, foi preso e seguiu para Tomar
- o pai biológico continua a pugnar por ela
- os "pais adoptivos" recorrerão da sentença, diz o seu advogado
- a mãe biológica continua ausente
Posto isto, e verificando que há sofrimento de ambas as partes, pergunto a mim mesmo:
- porque é que os jornais condenam, em uníssono e sem o ouvir, o pai biológico?
- porque é que os "pais adoptivos" não respeitaram a decisão do Tribunal?
- porque é que a mãe biológica continua ausente?
- porque é que os tribunais demoraram 5 anos a julgar este processo?
EM RESUMO:
Os "pais adoptivos", sofrendo, violaram a lei por amor. O pai biológico há 3 anos que pugna pela filha que perfilhou. A mãe biológica contunua ausente. A JUSTÇA foi foi cega, fria e lenta.
QUAL TERIA SIDO A MELHOR DECISÃO?
- Não sei!
Mas sei que não condeno o pai biológico por desejar reaver a filha, não condeno a mãe biológica por "dar" a filha, num momento de desespero, a um casal equilibrado, não condeno, nem endeuso os "pais adoptivos" que violaram a lei pelo amor que já têm à criança.,
NOTA - este texto foi escrito ontem à noite, dia 17/01/07, depois da leitura de vários jornais diários.
1 comentário:
sei por experiência própria que criar é amar..hoje ao fim de 8 anos amo muito mais a minha filha Maria do que no dia em que nasceu e nos dias seguintes!!!
mesmo correndo o risco de estar a ser demasiado radical, não acredito que uma pessoa possa amar e desejar uma criança,que não conhece e que é fruto de um amor fugaz.
como jurista sou pelo cumprimento e aplicação da lei, como mãe, assim como estes pais adoptivos, violaria a lei por amor!!
Espero que o movimento agora criado por juristas e outros especialistas, atinja os objectivos para que foi criado, que seja concedido o habeas corpus ao pai adoptivo e que no fim os interesses e o bem estar da menor sejam salvaguardados.
Graça Barreira
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