Nasceram dias e dias foram morrendo. Passaram meses e anos. Atirámos as sementes à terra, colhemos, repartimos, e as árvores cresceram, talvez por serem muito abanadas pelo vento e pelas tempestades. Algumas ficaram reduzidas a cinzas na galopada das queimadas que purificaram a terra. Correram cacimbos e vieram as chuvas. Mil vezes ribombaram as tempestades. Os raios a escrevinharem na noite. Nas madrugadas diáfanas, vieram as calmas dos dias quentes em que não corre a brisa. Às tempestades, sucederam-se noites de estrelas e noites de pesadelos, pavor e aflição. Nesta rotina do mourejar nos dias simples, sem história, os silêncios foram-se encurtando. Os verdes das árvores acalmaram-me por dentro, ajudados pela chuva que tamborilava sobre as chapas de zinco. E resisti. Continuei vivo.
By Bernardino Louro
1 comentário:
Sr. Bernardino Louro. Gostei do seu
artigo. Está muito bem apresentado
e o tema bem escolhido.
Tem graça que ia hoje mesmo perguntar ao Sr. Helder Barreira,
que já estavam em falta as prometidas crónicas com o nome já anunciado.
Como dizemos nós os Colheiteiros
entre nós,para a frente e continuar
Bartolmeu Velho
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