Tenho que confessar que eu próprio tomei posição com base na comunicação social sem reflectir, mas passados dois dias de reflexão começo a ter muitas dúvidas. A forma como o assunto foi tratado na comunicação social ridicularizou e condenou a professora e nem o destemido presidente da FRENPROF ousou defendê-la.
Há algo de errado neste processo independentemente de as declarações da professora serem condenáveis a qualquer título, o que não significa que ela deva ser despedida ou mesmo sujeita a qualquer condenação. A profissão de professor é altamente desgastante e isso pode perturbar qualquer pessoa, só que ao contrário de muitas profissões em que o individuo não se expõe, o professor está permanentemente perante mais de vinte testemunhas qu, não raras vezes, são isentas.
Como começou a conversa, o que desencadeou a reacção desabrida da professora? A gravação que foi algo de divulgação não se refere a toda a aula nem mostra o que sucedeu antes, quem nos garante que alunos que vão com a intenção premeditada de gravar não foram igualmente instruídos para provocar? Houve provocação, em que termos, quem nos garante que essa provocação não só serviu para a professor proferir asneiras mas também para alterar o seu estado psicológico.
A idade das crianças é usada para provar a sua inocência mas a verdade é que com 12 anos há por aí muita criança bem menos inocente do que imaginamos. Estamos no terceiro período e muitas notas finais já estão decididas, gostava de saber as notas dos alunos envolvidos pois se a professora há muito que actua desta forma só agora decidiram-lhe "fazer a cama". A expressão é mesmo esta e se todas as investigações em Portugal fossem conduzidas desta forma o melhor seria rodear o país de muros prisionais pois seriam muitos os portugueses a serem presos.
Há regras elementares e nenhuma delas foi respeitada neste caso.
in O Jumento
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FOI PRECISO GRAVAR
A história da sexualidade da professora de história é uma história pornográfica do ensino.O que mais irrita é sabermos que, afinal, já havia queixas dos alunos mas ninguém acreditava. Foi preciso gravar, o que é ilegal, dizem.
Ilegal?
Se a palavra dita não é meio de prova, então o que é meio de prova?
E quando os jornalistas usam câmaras ocultas nas reportagens para denunciar situações que de outra forma seria impossível trazer a lume?
É legal? Só nas salas de aula é ilegal? Porquê?
Numa situação destas a aluna só fez o que tinha a fazer. O Direito de tornar público um comportamento irresponsável, ditatorial, ameaçador e incomportável em qualquer sistema de ensino.
Esta aluna deveria ser agraciada com a Ordem de Mérito, da Democracia, e do bom que o 25 de Abril trouxe às novas gerações. Reagir perante o insuportável.
O que está mal são os adultos imbecis que olham para a sala de aula como o divã do analista onde podem exorcisar fantasmas, onde podem exercer o poder totalitário. A palmatória continua na cabeça de muitos com mutações várias. Uma sala de aula é outra coisa. E eu esperava que os professores soubessem disso.
posted by Lília Bernardes in PuxaPalavra
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