Depois de um fervilhar de opiniões e de discussões em torno do meu pretérito artigo semanal, que retratou a problemática relacionada com o facto de António Oliveira Salazar se colocar nos lugares cimeiros da votação do programa da RTP Grandes Portugueses, decidi alterar o meu estilo de crónica e por conseguinte vou transcrever um excerto de uma insigne entrevista do salazarista António Ferro ao Ditador português que governou com mão-de-ferro o País durante 36 anos:
António Ferro: “Há quem atribua o seu antiparlamentarismo ao seu feitio aparentemente concentrado, ao seu horror dos discursos (…)”
Salazar: “Talvez tenham razão (...), eu sou, de facto, profundamente antiparlamentar porque detesto os discursos ocos, palavrosos, as interpelações vistosas e vazias, a exploração das paixões, não à volta de uma grande ideia, mas de futilidades, de vaidades, de nadas sob o ponto de vista do interesse nacional. O Parlamento assusta-me tanto que chego a ter receio, se bem que reconheça a sua necessidade, daquele que há-de sair do novo estatuto. Para pequeno Parlamento — e esse útil e produtivo, como no caso actual — basta-me o Conselho de Ministros (...).”
Posteriormente à leitura podemos avultar uma proposição que poderá levantar alguma incongruência e que não possui enquadramento político e cultural nas sociedades actuais. Essa afirmação é: “...eu sou, de facto, profundamente antiparlamentar porque detesto os discursos ocos, palavrosos…”. Reza a História que Salazar abominava o parlamentarismo da I República por implementar um aparelho de Estado anticlerical e, por ter ingressado (com o apoio incontornável de Gonçalves Cerejeira) no Centro Católico Português, manteve uma posição firme e activista em prol da implosão desse sistema político vigente no nosso País. Este conjunto de factos pode preludiar uma exequível explicação do seu “antiparlamentarismo” que se conservou incontestável até 1968.
Diversas questões éticas se aprumam, contudo há uma que devo divulgar aos meus caros leitores: Como é que é possível que na segunda metade do século XX Portugal fosse superintendido por uma mente anacrónica e “antiparlamentar”, quando na Europa e no Mundo, o fenómeno da Globalização se intensificava, as Democracias constitucionais e parlamentares estavam plenamente consolidadas, com a progressiva homogeneização do comércio mundial e com o reforço do processo de descolonização como uma das pedras basilares do Direito Internacional?
António Ferro: “Há quem atribua o seu antiparlamentarismo ao seu feitio aparentemente concentrado, ao seu horror dos discursos (…)”
Salazar: “Talvez tenham razão (...), eu sou, de facto, profundamente antiparlamentar porque detesto os discursos ocos, palavrosos, as interpelações vistosas e vazias, a exploração das paixões, não à volta de uma grande ideia, mas de futilidades, de vaidades, de nadas sob o ponto de vista do interesse nacional. O Parlamento assusta-me tanto que chego a ter receio, se bem que reconheça a sua necessidade, daquele que há-de sair do novo estatuto. Para pequeno Parlamento — e esse útil e produtivo, como no caso actual — basta-me o Conselho de Ministros (...).”
Posteriormente à leitura podemos avultar uma proposição que poderá levantar alguma incongruência e que não possui enquadramento político e cultural nas sociedades actuais. Essa afirmação é: “...eu sou, de facto, profundamente antiparlamentar porque detesto os discursos ocos, palavrosos…”. Reza a História que Salazar abominava o parlamentarismo da I República por implementar um aparelho de Estado anticlerical e, por ter ingressado (com o apoio incontornável de Gonçalves Cerejeira) no Centro Católico Português, manteve uma posição firme e activista em prol da implosão desse sistema político vigente no nosso País. Este conjunto de factos pode preludiar uma exequível explicação do seu “antiparlamentarismo” que se conservou incontestável até 1968.
Diversas questões éticas se aprumam, contudo há uma que devo divulgar aos meus caros leitores: Como é que é possível que na segunda metade do século XX Portugal fosse superintendido por uma mente anacrónica e “antiparlamentar”, quando na Europa e no Mundo, o fenómeno da Globalização se intensificava, as Democracias constitucionais e parlamentares estavam plenamente consolidadas, com a progressiva homogeneização do comércio mundial e com o reforço do processo de descolonização como uma das pedras basilares do Direito Internacional?
By Afonso Leitão
7 comentários:
Afonso Leitão,antes do comentário
podia fazer o favor de me ajudar.Em
que data foi efectuada esta entrevista?
É que de momento não me recordo.
Agradeço.
OLD
É uma satisfação ler os artigos do meu amigo Afonso! Mesmo discordando de algumas das suas opiniões, dá gosto ler. Parabéns!
Se me fosse permitida uma opinião, eu diria que nada é imutável nem definitivo. Porém, as críticas ou os elogios terão de ser sempre feitos tendo em conta a particularidade das "circunstâncias" de que falava o grande pensador espanhol Ortega y Gasset. São elas: o tempo a que se referem, o modo havido, as envolventes, e as condicionantes recebidas ou herdadas de um passado recente,entre outras.
As figuras históricas são sempre controversas.
Salazar não poderia ser diferente. Porém, a sua figura e a sua acção política, perdura. Gera controvérsia. Provoca ódios. Assinala paixões.
Assim continuará no tempo, enquanto os Homens dele se não esquecerem. Como nas faces de um poliedro todos encontrarão lá a imagem. Se quizer, a imagem que buscavam.
Com muito carinho e amizade.
João Sena
Resposta a OLD: a data da entrevista é: Dezembro de 1932.
Resposta a João Sena: congratulo-me muito ter lido e comentado a minha crónica segundo a sua estrutura ideológica e política. É primeira vez que o faz e espero que continue nas próximas semanas a ler com "satisfação" as minhas crónicas.
Um abraço do colunista Afonso Leitão
A crónica está bem apresentada.
A entrevista foi efectuada uns cinco anos depois da 28 de Maio de l926.
Ainda tudo no começo.
Depois fomos andando.
Continue que eu gosto das suas crónicas.
Um abraço
Old
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Gostava de fazer um teste ligeiro
á sua memória, se me permite.
O Afonso Leitão poderia fazer um
breve resumo do discurso efectuado
pelo prof.O.S.quando o navio Sta. Maria
atracou em Lisboa depois de ter sido assaltado?
Resposta a OLD: desculpe mas a quem se refere como o prof. O.S.?
Para depois lhe explicar.
Afonso Leitão. É ao Professor Oiveira Salazar.
O assalto ao navio Santa Maria já
foi há muitos anos, efectuado por
pessoas anti-regime,claro.
Durante um mês a emissora nacional e os jornais não falavam de outra
coisa.Era conhecdo por"caso do Santa Maria". Televisão não me lembro se já havia.
Quando o navio chegou a Lisboa,
já se sabe era um multidão de gente
á sua espera.
Chegou a hora do prof.O.S.,fazer o
discurso que ficou para a história.
O Afonso sabe.
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