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domingo, outubro 07, 2007

Ele há cada uma ....

PODE FALTAR MUITA COISA MAS NOTÍCIAS, NÃO...

Duas mulheres de Múrcia, Espanha, amavam-se, quiseram casar e casaram-se. Estamos em 2007 e isto já não é notícia. Uma delas está a mudar de sexo. O que, hoje em dia, também já não é notícia.
Embora, já que se fala nisso, se ambas são homossexuais e uma muda de sexo, não será um pouco confuso para a relação? Se o fizessem ambas, matematicamente a coisa igualizava e a atracção entre iguais continuava a justificar-se. Agora, a ser uma só, esse facto unilateral introduz uma, digamos, heterodoxia na convivência homossexual, ou não?
Mas, está bem, o homem, o género humano, quero eu dizer, é mais complexo que a Matemática. As duas mulheres de Múrcia continuam a não ser notícia.Então, porque lhes conheço o caso? Porque, escândalo, descobriu-se que elas eram irmãs. O tribunal anulou o matrimónio baseado no Código Civil que proíbe o casamento entre "parentes em linha directa".
Elas, até à boda, não sabiam que eram irmãs. Foi um funcionário do Registo Civil que reparou. Tinham a mesma mãe mas uma fora dada para adopção e só se conheceram mais tarde.
Mas, já agora, onde é que está a razão para escândalo? A lei, sabe-se, bebe na sabedoria antiga que percebeu que a consanguinidade era perigosa para a procriação. Se bem se lembram, quando só havia Adão, Eva, Caim e Abel, a rebaldaria deu num assassino (Caim matou o irmão) - uma taxa de 25 por cento de criminalidade grave, demasiadamente alta até para os parâmetros das violentas sociedades modernas. Relações sexuais entre parentes próximos dão, pois, fortes chances de filhos anti-sociais. Historicamente os homens foram dando conta disso, daí a proibição tradicional do incesto e do casamento entre familiares próximos.
Esses tabus converteram-se em leis.Esperem lá: e o que é que isto tem a ver com as irmãs de Múrcia? Essa jurisprudência toda foi feita antes de se tornar normal a frase com que abri esta crónica: "Duas mulheres de Múrcia, Espanha, amavam-se, quiseram casar e casaram-se."
É, hoje, os homossexuais casam-se normalmente (pelo menos, nesta história, no estrangeiro). Ora uma coisa que um casal homossexual não consegue fazer é ter, exclusivamente entre si, filhos. Homem com homem, não conseguem. Mulher com mulher, também não. As irmãs de Múrcia não farão filhos. Mesmo que uma delas consiga pôr no BI "Sexo: Masculino", nunca poderá pôr na sua fisiologia a capacidade de gerar como pai. Logo, elas não são o perigo social que justificou a lei que as obriga a separarem-se.
Com isto só quero dizer o seguinte: Jacques Tati ao fazer o Playtime que contava os tempos modernos dos anos 60, apressou-se.
Hoje, os tempos modernos são muito mais cheios de questões novas.

By Ferreira Fernandesjornalista no DN de hoje
Por aqui se vê como a Lei é cega!!! Mesmo os mais afamados juristas alicerçados no grande saber histórico de todas as situações conseguem fazer com que as leis sejam o mais justas possível .
Este caso, para mim, não tem grande importância, mas há casos como este que podem afectar a n/vida quotidiana . E depois ???

1 comentário:

Anónimo disse...

E depois? Como é que se dizia? Depois morreram as vacas e ficaram os bois! Ou seja, a vida muda mais depressa do que as leis. O que é natural,pois ninguém gosta de destruir o que criou.