Embora a Teresa tivesse escrito a prosa abaixo em jeito de comentário ao meu artigo EFEMÉRIDES , não resisto a publicá-lo, tal o seu encanto ...
Tudo era ou parecia novo. Eu era da cidade, mas vinha de passar os últimos dias de férias na aldeia dos meus avós maternos. Despedia-me dos sítios, das árvores, da canalha com quem partilhara dias de liberdade quase absoluta. Desouriçava castanhas ainda tenras e recolhia mais cedo a casa, que aquele barbeirinho da Serra de Nogueira pedia lareira logo ao pôr-do-sol.Depois, era mesmo tudo novo. Ou parecia. Colegas, professores, as capas dos livros (lembram-se do papel de ferro?), os cadernos...Se existe mesmo memória olfactiva, no meu "arquivo" pessoal. o cheiro dos cadernos novos está lá bem vivo. Talvez por isso, mais tarde, aí por 1966 ou 67, quando passou por cá uma trupe brasileira que representava "Morte e Vida Severina" de Adriano Suassuna, fixasse particularmente dois versos: "É belo como um caderno / quando a gente o principia". Diziam-nos a propósito da criança, filha de miseráveis retirantes nordestinos, acabada de nascer.Eram belos os nossos cadernos, Hélder, e o começo das aulas, uma espécie de renascimento.Teresa
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