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sexta-feira, dezembro 29, 2006

RECORDAÇÕES DE NATAL

Por mais que viva, jamais esquecerei o Natal de 1967 . Estava em Angola, na região dos Luenas, algures no leste do País numa localidade chamada Luacano , local de paragem do famoso combóio Mala que fazia o trajecto Kinshassa - Lobito e vice versa.Noutra altura vou falar sobre esse trajecto e algumas histórias do famoso comboio.
Luacano era ao tempo uma Vila, só tinha uma rua que tinha mais ou menos 1 klm. de comprimento , no início estavam os Kimbos, na rua uma dezena da casas de cada lado, pertencentes aos colonos, a maior parte deles transmontanos e no final as instalações do Administrador de Posto Pereira d'Eça, um minhoto rijo, baixo, atarracado que tinha sido capitão no exército. Havia uma boa relação entre os oficiais da minha companhia e o Administrador , tanto que tidos e achados éramos convidados para lautos jantares em sua Casa, pois além de bom garfo e bom copo, adorava um joguinho de póker de cartas, aberto ( nem que fosse a perder, dizia ele) que durava sempre até de madrugada.O cozinheiro, óptimo por sinal, era o cipaio Gilberto, seu braço direito,um dos mais medalhados pelo governo português, pelas suas acções na psico e em combate.Nesse dia, dia de Natal , só estava na companhia 1 alferes e o capitão ( o escritor Bernardino Louro de quem já aqui falei), pois eu estava destacado no Lago Dilolo, a 40 Kms do Luacano ( é um lago maravilhoso, quase o dobro do da Riba de Lago, na Puebla de Sanábria e que muitos de vós conheceis, com uma paisagem natural envolvente maravilhosa ,em estado selvagem e aonde há de tudo à ganância , frutas , caça e pesca ). Ali podia-se desenvolver uma estância de férias fabulosa e durante todo o ano.
Era época das chuvas, o caminho quase inexistente, a viatura ficou atascada, tive que andar 8 horas a pé, com água quase sempre até aos joelhos, mas cheguei por volta das 18 horas . Foi só tempo de me preparar e arrancar para casa do Administrador Perira d'Eça, aonde já estavam os meus camaradas de armas.
Tinha uma fome monstra , petisquei um pouco e fomos para a mesa. O pitéu era divinal, cabrito assado no forno com batatas louras .À primeira garfada, vi uma enorme "carrocha, aí 2cms" no meu prato, fiquei num dilema, comer ou não comer, mas a fome era muita e a vontade maior,parti um bocado de carne aí com uns 4 cms, coloquei-o por cima da carrocha,comi e repeti.Foi o melhor cabrito que comi em toda a minha vida..
Depois foi o joguinho e wiskyes até ao romper da manhã......

4 comentários:

Anónimo disse...

Também já topei com uma barata no prato nos meados de 68... num restaurante em Lisboa .Mas eu não estava a morrer de fome!...Lá ficou debaixo de outros destroços. E eu sem
apetite.

Anónimo disse...

Por terras de Guiné,lá passei em dois anos a época do Natal.
Olha ,já nem me lembro ou faço que
não me lembro.
É melhor assim.
Um abraço para todos os Colheiteiros e um BOM ANO de 2007.
OLD.

Anónimo disse...

Foram tempos que muito nos marcaram. De alguns nem há memória. Doutros, parece que foram ainda ontem. É consolodor verificar que, ao fim de mais de quarenta anos, muitos de nós somomos mais que irmãos; sobretudo porque só temos de partilhar as memórias.
É sempre bom regressar. E no Inverno, ao calor da amizade, sabe muito melhor!
É pena que as choriças ou as alheiras sejam só as que se compram a metro num qualquer supermercado.
BL

Anónimo disse...

Helder:Na China comem as carochas(KÁTCHÁS)!Aliás diz-se que os chineses comem tudo que tem pernas menos as mesas e tudo que voa menos os aviões.Eu já comi:cobra(não é má),techugo,macaco, tartaruga ,cão, gato... que eu saiba...VMB