“Se fosse eleito Presidente da República, o que faria do Presidente do Conselho? Obviamente demito-o!” esta frase foi peremptoriamente afirmada, fará este Sábado 50 anos, por Humberto Delgado que teve a coragem de se candidatar como independente às eleições de 1958.
Este Homem, oriundo das fileiras do próprio Estado Novo, ficou para sempre conhecido como o “General Sem Medo”, que ousou dizer que demitia Salazar, que se mostrou preparado para morrer pela liberdade. A sua personalidade galvanizava multidões, cativando-as pelo seu carisma, determinação, audácia e coerência de pensamento e posições. Era aquilo que não existe hoje na vida política portuguesa: ideias ideológicos distintos e consistentes, acompanhado de grande solidez argumentativa. O Homem correu o país inclusive Bragança, em que pessoalmente tive a oportunidade de ter visto, da última vez que tive em Bragança, a varanda onde discursou para as massas. Aliás o meu Tio e Sr. Bartolomeu Velho já tiveram a ocasião de me contar o que aconteceu naquele dia.
Contudo há um ponto a referenciar: concordo com muitos autores, quando designam Humberto Delgado como um “fascista democrático”, pois apesar da sua insistente apologia à liberdade, contudo nunca se demonstrou muito favorável à descolonização dos territórios ultramarinos.
Mataram-no em Espanha, na sequência de uma cilada protagonizada pela PIDE, não por ter sido alvejado a tiro, mas porque foi espancado até à morte. Salazar, após a descoberta do falecimento do General, acerca das dúvidas que se instalaram sobre as causas da sua morte, apenas disse fria e cruamente: “Um segredo que só a morte pode guardar com segurança.” Grande estadista, não é?!
Como já disse em outras crónicas, por razões cronológicas, obviamente não vivi a ditadura ou, melhor, o período do Estado Novo. Como também não conheci a Revolução, o PREC ou a entrada de Portugal na CEE. Mas acredito: se vivesse em 1958 gostaria imenso de ter ouvido os discursos de Humberto Delgado, porque se houvesse um político, dos nossos actualíssimos tempos, tivesse convicções, não receasse dos medos e não enveredasse pelo populismo simples e torpe, talvez, talvez o nosso povo e os jovens em particular demonstrassem maior interesse pela política, pelos partidos, pelos movimentos independentes, pelo parlamentarismo e pelas pessoas que realmente sabem fazer politica e que são verdadeiros nas suas promessas e nas suas decisões.
Foi publicado uma extensa biografia de Humberto Delgado da autoria do seu neto, Frederico Delgado Rosa.
By Afonso Leitão
Este Homem, oriundo das fileiras do próprio Estado Novo, ficou para sempre conhecido como o “General Sem Medo”, que ousou dizer que demitia Salazar, que se mostrou preparado para morrer pela liberdade. A sua personalidade galvanizava multidões, cativando-as pelo seu carisma, determinação, audácia e coerência de pensamento e posições. Era aquilo que não existe hoje na vida política portuguesa: ideias ideológicos distintos e consistentes, acompanhado de grande solidez argumentativa. O Homem correu o país inclusive Bragança, em que pessoalmente tive a oportunidade de ter visto, da última vez que tive em Bragança, a varanda onde discursou para as massas. Aliás o meu Tio e Sr. Bartolomeu Velho já tiveram a ocasião de me contar o que aconteceu naquele dia.
Contudo há um ponto a referenciar: concordo com muitos autores, quando designam Humberto Delgado como um “fascista democrático”, pois apesar da sua insistente apologia à liberdade, contudo nunca se demonstrou muito favorável à descolonização dos territórios ultramarinos.
Mataram-no em Espanha, na sequência de uma cilada protagonizada pela PIDE, não por ter sido alvejado a tiro, mas porque foi espancado até à morte. Salazar, após a descoberta do falecimento do General, acerca das dúvidas que se instalaram sobre as causas da sua morte, apenas disse fria e cruamente: “Um segredo que só a morte pode guardar com segurança.” Grande estadista, não é?!
Como já disse em outras crónicas, por razões cronológicas, obviamente não vivi a ditadura ou, melhor, o período do Estado Novo. Como também não conheci a Revolução, o PREC ou a entrada de Portugal na CEE. Mas acredito: se vivesse em 1958 gostaria imenso de ter ouvido os discursos de Humberto Delgado, porque se houvesse um político, dos nossos actualíssimos tempos, tivesse convicções, não receasse dos medos e não enveredasse pelo populismo simples e torpe, talvez, talvez o nosso povo e os jovens em particular demonstrassem maior interesse pela política, pelos partidos, pelos movimentos independentes, pelo parlamentarismo e pelas pessoas que realmente sabem fazer politica e que são verdadeiros nas suas promessas e nas suas decisões.
Foi publicado uma extensa biografia de Humberto Delgado da autoria do seu neto, Frederico Delgado Rosa.
By Afonso Leitão
4 comentários:
O tema é ousado.HD não foi candidato independente.Foi o candidato único e oficial de toda a oposição ao regime.
Por isso ganhou o epíteto de General sem medo , pois sabia bem os perigos a que se expunha na sequência da sua mudança de opinião sobre o governo vigente.O Estado Novo era a continuação da Ditadura Militar de 1926,diluída na suposta respeitabilidade (!) da Constituição plebiscitada em 1933.
A questão colonial,na altura, não era ainda considerada de forma uniforme pelos vários grupos políticos de oposição ao regime,surgindo,em 74, como o 2º D da trilogia de Abril/descolonizar.
Só se comparam coisas semelhantes,
e 2008 é radicalmente diferente de 1958 em que duas palavras bastaram para fazer tremer o regime. Hoje a verborreia na praça pública é quase inconsequente.
Hás-de dizer-me de que varanda falou HD em Bragança, que eu não sei, embora me lembre do dia em que lá foi e da agitação na cidade e nos corações.
Foi da varanda da Pensão Moderno, em cima da entrada para o café. Este teu amigo com 12 anos apenas ,assistiu e viu tudo ,e para isso faltou à aula de Português do Señor Pacheco
Estava em Bragança quando o nosso General Sem Medo por lá passou em campanha(!) e também faltei ás aulas ainda me lembro daqueles jactos que sobrevoaram a cidade ou na véspera ou no próprio dia, para amendontrarem o pessoal.
E quem se lembra da Nelinha que lhe foi oferecer um ramo de flores e que depois foi perseguida no Liceu?
O Afonso troue um tema que é de dificil análise.
Mataram-no? quando , quem e aonde.
Recordo uma intervenção que o Prof.
Salazar fez na televisão e era mais
ou menos isto."E se as autoridades
espanholas conseguirem saber das
circunstância do crime até ao promenor é bem possivel virmos a saber por outros aquilo que a nós
nos competiria."
Cá o espero no verão (férias)um dia
para vermos mais com mais tempo e
conversarmos.
Ele veio já noite depois de um comício em Chaves e dormiu na
Pensão Moderno.
Depois de manhã foi o que já se
esperava.Vi bastante ,tive a sorte
de um intervalo e não faltei.
Um abraço.
BV.
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