As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
1 comentário:
Bons tempos em que eu andava sorrateiramente á procura destes "books" no velho e saudoso Barata da Avenida de Roma.
Íamos lá, o "velhote" embrulhava-os por baixo do balcão e nós só sabíamos o que estava dentro, quando chegávamos ao quartel.
Era sempre uma noite em claro até o "devorarmos" todo, porque naquela altura havia mais pessoal na lista de espera.
Felizmente, que este e outros tipos de leitura, nos permitiram fazer o 25 de Abril de 1974 em que eu, como miliciano,tive a honra de participar.
Mas esta é uma história longa...
Um abraço para a colheita.
a) Jorge Tomé
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