III - O WHISKY
Lembram-se no baile do nosso 1º de Dezembro haver um "buffet" organizado por vocês, os rapazes, onde vendiam umas coisa para comer e beber. O meu homem estava entregue às sandes mas houve quem vendesse ao Dr. Alexandre Faria um copo de whisky por 50$00! Uma barbaridade naquela altura. Mas de certeza que esse whisky não era tão milagroso como o "whisky de Miss Amélia". Vejamos quais eram os seus poderes:
"É sabido que, se uma mensagem é escrita com sumo de limão numa folha de papel branco, não se vê. Mas se o papel for aproximado do fogo, então as letras aparecem castanhas e o significado torna-se claro. Imagine-se que o whisky é o fogo, que a mensagem apenas é conhecida pela alma do próprio – é assim que o valor do álcool de Miss Amélia pode ser avaliado. Coisas que passaram despercebidas, pensamentos que, acumulados no fundo da mente, são repentinamente revelados e compreendidos [...] Coisas como estas aconteciam quando um homem bebia o whisky de Miss Amélia. Podia sofrer ou ficar exausto de alegria - mas a verdade fora-lhe revelada: a alma tornara-se cálida e lera a mensagem nela escondida."
A Balada do Café Triste de Carson McCullers
Lena Q
3 comentários:
Já senti muitas vezes o efeitp do"Whisky de Miss Amélia" e digo-te fiquei sempre "num estado d'alma ledo e cego". O pior é a ressaca .Um grande abraço Lena
olá, Helena, que inveja começo a ter da tua memória.Estive nesse baile e li esse livro , lembro do livro,que li em Macau, menos pormenores do que do baile
na juventude; há pontos de aproximação analítica entre eles se o quisermos fazer,o baile inebriando-nos antes de o ser, com o trabalho ciclópico a que nos devotámos para decorar com requintes de malabaristas(disto lembro-me bem)o ginásio, em especial a parede por cima dos espaldares,com centenas de flores de papel sobre capas negras;toda aquela
envolvência de tonalidades diferentes que nos atraíam de formas e em graus diferentes, tal como os whiskies têm paladares e preços variados e deixam atrás de si rastos diversos,uns que perduram outros que se perdem, coisas que talvez o Freud explique, já que no sonho e no vinho, quem estiver atento, poderá aproximar-se da verdade.
Num comentário à fotografia da direcção da academia à sombra do cruzeiro e já publicada no Blog,perguntei o que havia na caixa que o Luis Martins tinha debaixo do braço e que não obteve resposta.
A reposta é :"os lucros da exploração
do bar", esse mesmo bar em que o Quintas vendeu sandes.
Tudo isso aconteceu já - eu nem quero crer - há 44 anos!!!!!Ora bem!
Continuemos a somá-los!
Um abraço. M. Carvalho
Ó Lena tu estás numa valente forma.
Deu-me vontade de rir.
Continua ,pois tens uma Sra. memória
Um abraço para ti e Manuel
"OLD"
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