Se não são todos génios, são quase. Vejo neles como que uma fada que ao fazer dançar a sua varinha, lança pequenas faúlhas brilhantes; mas se nós - gente comum - nos precipitamos para apanhar um bocadinho de centelha, ela foge e transforma-se numa bola de sabão que, de repente, se esmaga. Talvez, mas acontece com pouca frequência, algum átomo desses brilhos cair em alguém e então ... novamente a luz desce à terra.
Aí vão algumas dessas frases que eu vou coligindo num dossier.
1. Sobre Chagall
"Quando Chagall pinta, não se sabe se dorme nesse momento ou se está acordado. Ele deverá ter, em qualquer sítio da cabeça, um anjo" Picasso
Obs: Marc Chagall é um pintor de origem russa. Estudou na escola de São Petesburgo e depois em Paris, no momento do triunfo do cubismo. De regresso à Rússia, em 1917, colaborou com os sovietes na organização do ensino artístico.
Segundo a minha interpretação este anjo ao cair, e da cor em que está pintado (vermelho), estabelece de uma maneira dramática a separação e talvez a revolta (para não dizer ódio) entre cristãos, cujos objectos simbolicos estão representados do lado direito, e o judaísmo do lado esquerdo representado por um rabi que parece fugir com a Tora, de olhar estupefacto por tanta perseguição. Subjacente a toda esta alegoria está uma aldeia russa com um mercador judeu a deambular por ela. É que Chagall nasceu e passou a infância numa aldeia e as recordações da sua infância são fundamentais para o desenvolvimento da sua pintura. Há um violino no ar pois os judeus (russos) eram muito dados à música. Quem é que não viu "Um Violino no Telhado"?
Lena Q
4 comentários:
Gostei avultadamente da sua publicação. De facto, apreciei sobretudo no que respeita ao período em que se insere. Ou seja, a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Bolchevique, a difusão dos ideais vanguardistas e a crise do racionalismo artístico são acontecimentos que influenciaram profundamente o pintor Chagall.
Um pormenor interessante: existe uma forte conexão estética com grandes artistas russos como Kandinsky que fruto da época promoveram formas de expressão muito abstractas e subjectivas e sobretudo não figurativas.
São alguns dos meus pormenores da minha humilde cultura.
Muitos parabéns.
Lena, és uma autêntica surpresa !!!
Não tenho nem nunca tive a mínima apetência para a pintura e muito menos para a sua apreciação( educações...), mas fiquei banzado com o meu sobrinho . Tenho que descobrir aonde foi buscar aquelas coisas...
Tenho a impressão que vou começar a pensar nessas coisas da pintura, que analfapintor sou ....
Lena,estou a gostar de ver ,ler e
aprender.
Não é matéria fácil.
Em frente
OLD
Mark Chagall é um génio do nosso tempo.Lembro-me de o ver na TV empoleirado nuns andaimes ,já com uma idade que recomendaria alguns cuidados , enquanto fazia o seu trabalho.Seria o seu anjo que o amparava ? Julgo que viveu na terra em que ainda vive o nosso Eduardo Lourenço, que é Vence,não é?
Ou será que o anjo o inspirava a utilizar a pintura não só como uma forma de expressão artística, mas acrescida duma função didáctica que expressasse a sua aprendizagem de valores e crenças diferentes ao longo
da vida? M.C.
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