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sexta-feira, dezembro 15, 2006

Lucros da Banca II

Muito a propósito, Hélder, o "Money" dos Pink Floyd. Sobre o tema, mas mais "caseiro" e datado, aí vai para todos os colheiteiros um poema de João de Deus que, se não me engano, era lido nas nossas aulas de Português...Tlim!

O DINHEIRO


O dinheiro é tão bonito,
Tão bonito, o maganão!
Tem tanta graça o maldito,
Tem tanto chiste o ladrão!
O falar , fala de um modo...
Todo ele , aquele todo....
E elas acham-no tão guapo!
Velhinhas ou moças que veja,
Por mais esquiva que seja,
Tlim!
Papo.


E a cegueira da justiça
Como ele a tira num ai!
Sem lhe tocar com a pinça;
É só dizer-lhe:-Aí vai...
Operação melindrosa,
Que não é lá qualquer coisa;
Catarata , tome conta!
Pois não faz mais do que isto,
Diz-me um juiz que o tem visto:
Tlim!
Pronta.


Nessas espécies de exames
Que a gente faz em rapaz,
São milhares aos enxames
O que aquele demo faz!
Sem saber nem patavina
de gramática latina,
Quer-se um rapaz d'ali fora?
Vai ele com tais falinhas,
Tais gaifonas ,tais coisinhas....
Tlim!
Ora...


Aquela fisionomia
E lábia que o demo tem!
Mas numa secretaria
Aí é que é vê-lo bem!
Quando ele de grande gala,
Entra o ministro na sala,
Aproveita a ocasião:
«Conhece este amigo antigo?
---Oh meu tão antigo amigo!
(Tlim!)
Pois não!»

de João de Deus


As razões eram bem mais comezinhas do que as de hoje, globalizadas, avassaladoras. Mas o que corrompe um juiz, um ministro, um autarca, é o mesmo que "inventa" offshores, despedimentos em massa, trabalho escravo, deslocalização de empresas, endividamento do "povo", exploração desenfreada dos recursos naturais e desrespeito pela natureza... Tão bonito, o maganão!

2 comentários:

Anónimo disse...

A Teresa quando vem ao Blog é tiro
certeiro.Sempre pelo melhor caminho .
Mais uma vez muito bem. Assim de
repente não me vem á lembrança este poema.
É isto mesmo que se pretende com o
Blog e há sempre um tempo para aprender.Nunca é tarde.
Lembra-me mais ou menos a propósito ,de uma intervenção na A. República do n/conterrâneo Prof
Adriano Moreira que disse"Mesmo que o Mundo acabe amanhã vale a pena ainda hoje plantar macieiras"
Um abraço Bartolomeu

Anónimo disse...

A princípio fiquei surpreendido com a autoria do poema,que não conhecia ; mas quem fez a 'cartilha escolar' tinha realmente de ser um observador arguto da realidade : a justiça,os favores nos exames,a política,as"elas" de qualquer
idade fraquejavam perante as benesses imaginadas , como hoje se anseia pelo
"euromilhões" e se é insensível nas situações que descreves.
Nos tempos que correm, só o Tlim! está a mais;agora está tudo mais sofisticado e o "maganão" muda de mãos sem ter estado em nenhuma.Boa escolha,Teresa.