Onde estavas tu no 25 de Abril?
Esta frase imortalizada pela jornalista/escritor Baptista Bastos, num programa de televisão, pretende questionar um qualquer cidadão, sobre o local e a ambiência em que se inseria, no dia em que se verificou o último Golpe de Estado em Portugal.
Na véspera das Comemorações desta histórica data, cabe-me a mim responder à questão acima formulada, mais não seja, porque na altura era capitão do Quadro Permanente do Exército e estarmos a falar também da denominada "Revolta dos Capitães".
Depois de cumprir duas comissões de serviço, uma na Guiné e outra em Moçambique, respectivamente , como alferes e capitão, em Março de 1973, parti para Angola, para em Carmona ( hoje denominada Uíge), integrado na Secção de Operações do Comando da Zona Militar Norte, desempenhar mais uma missão de serviço, desta vez bem mais agradável, do que as anteriores, e sem risco eminente de guerra.
A vida na cidade de Carmona então, era absolutamente calma e, em termos de segurança, a ameaça era a mesma que a de Luanda.
O dia a dia dos oficiais no Comando de Zona, era de acompanhamento da guerra, nas respectivas Secções, com as habituais mensagens, relatórios, reuniões no interior e no exterior e muitos estudos.
Contudo a rotina diária seria quebrada no dia 25 de Abril de 1974, pois estava prevista a Visita Oficial ao Comando dum membro do Governo Central, General Tello Poleri , Secretário de Estado da Aeronáutica, que desejava inteirar-se, tim-tim por tim-tim, da situação da guerra no Norte.
O "brieffing" circunstancial, àquele membro do governo, fez com que vários oficiais, durante toda a manhã, estivéssemos fechados na sala e quando saímos , por o mesmo ter terminado, começámos a ouvir uns sussuros de que teria havido um Golpe em Lisboa, julgando tratar-se de uma brincadeira, motivado mesmo pela presença do Secretário de Estado, mas à medida que o tempo corria ia sendo confirmado, desconhecendo-se a origem e resultado.
Só ao fim da tarde chegou uma mensagem do Comando-Chefe de Luanda transmitindo o sucedido.
Para além de mim, havia outro capitão nas minhas circunstâncias em Carmona e ambos seguiamos, consoante as informações que nos iam chegando de Luanda, o desenvolvimento do Movimento. Não foi nada que nos surpreendesse e que não estivessemos á espera. Quando?
Naquele dia? Nada , absolutamente nada.
Estava marcado um Jantar de Cerimónia para essa noite, oferecido pelo Governador de Distrito,
Brigadeiro Altino de Magalhães, no seu Palácio, em honra de tão ilustre figura, que já não se realizou, para desgosto generalizado das senhoras de Carmona, porque o Secretário de Estado JÁ NÃO O ERA !
Foi assim que passei o meu dia 25 de Abril.
Esta frase imortalizada pela jornalista/escritor Baptista Bastos, num programa de televisão, pretende questionar um qualquer cidadão, sobre o local e a ambiência em que se inseria, no dia em que se verificou o último Golpe de Estado em Portugal.
Na véspera das Comemorações desta histórica data, cabe-me a mim responder à questão acima formulada, mais não seja, porque na altura era capitão do Quadro Permanente do Exército e estarmos a falar também da denominada "Revolta dos Capitães".
Depois de cumprir duas comissões de serviço, uma na Guiné e outra em Moçambique, respectivamente , como alferes e capitão, em Março de 1973, parti para Angola, para em Carmona ( hoje denominada Uíge), integrado na Secção de Operações do Comando da Zona Militar Norte, desempenhar mais uma missão de serviço, desta vez bem mais agradável, do que as anteriores, e sem risco eminente de guerra.
A vida na cidade de Carmona então, era absolutamente calma e, em termos de segurança, a ameaça era a mesma que a de Luanda.
O dia a dia dos oficiais no Comando de Zona, era de acompanhamento da guerra, nas respectivas Secções, com as habituais mensagens, relatórios, reuniões no interior e no exterior e muitos estudos.
Contudo a rotina diária seria quebrada no dia 25 de Abril de 1974, pois estava prevista a Visita Oficial ao Comando dum membro do Governo Central, General Tello Poleri , Secretário de Estado da Aeronáutica, que desejava inteirar-se, tim-tim por tim-tim, da situação da guerra no Norte.
O "brieffing" circunstancial, àquele membro do governo, fez com que vários oficiais, durante toda a manhã, estivéssemos fechados na sala e quando saímos , por o mesmo ter terminado, começámos a ouvir uns sussuros de que teria havido um Golpe em Lisboa, julgando tratar-se de uma brincadeira, motivado mesmo pela presença do Secretário de Estado, mas à medida que o tempo corria ia sendo confirmado, desconhecendo-se a origem e resultado.
Só ao fim da tarde chegou uma mensagem do Comando-Chefe de Luanda transmitindo o sucedido.
Para além de mim, havia outro capitão nas minhas circunstâncias em Carmona e ambos seguiamos, consoante as informações que nos iam chegando de Luanda, o desenvolvimento do Movimento. Não foi nada que nos surpreendesse e que não estivessemos á espera. Quando?
Naquele dia? Nada , absolutamente nada.
Estava marcado um Jantar de Cerimónia para essa noite, oferecido pelo Governador de Distrito,
Brigadeiro Altino de Magalhães, no seu Palácio, em honra de tão ilustre figura, que já não se realizou, para desgosto generalizado das senhoras de Carmona, porque o Secretário de Estado JÁ NÃO O ERA !
Foi assim que passei o meu dia 25 de Abril.
6 comentários:
Coitadas das senhoras !!!!
HB
Afinal... era um 'home'! Mas nem por isso deixaram de jantar!
Se Sei, depois de colocar a familia em lugar seguro, enconrava-me desde as 23h00 do dia 24 de Metralhadora na mão ás portas dos Comandos, tudo poderia acontecer naquela noite, aquela hora, 25 ABRIL SEMPRE
O 25de Abril era inevitavel.
O 26 de Abril deixou a desejar.
BV.
Depois de uma noite, no largo de S. Bartolomeu, em Bragança, em grande confraternização com um grupo de colegas e amigos, a cantar Zeca Afonso e outros, até às tantas...
fui despertado nessa mesma madrugada, quase sem dormir, pelas 7h00, com a notícia dos acontecimentos.
A Revolução tinha iniciado!!!
Já era Abril!!!
F.A.
Eu dormi toda a noite e foi cm grande surpresa que de manhã (8.30)qundo ía a entrar para o local de trabalho ( a porta ficava ao lado da de minha casa)estava fechada e me informararm que tinha havido um golpe de estado .
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