Portugal parece uma panela de pressão. O novo presidente do sindicato dos magistrados fala de pressões, que julgo inqualificáveis. São tais e tamanhas pressões que pediu para ir queixar-se ao Presidente da República, que já se sabe como é caladinho. O ministro Santos Silva, menos caladinho, diz que quer saber (e todos nós) quem faz essas pressões. O Procurador-Geral nega a existência de pressões e diz que não permitirá um clima de suspeição. Ora, como não sabemos que pressões existem a pender, ameaçadoras e graves, sobre a cabeça dos magistrados que investigam o ‘caso Freeport’, limitamo-nos a viver na suspeita de que há árbitros a negociar em Canal Caveira e de que é capaz de ter existido vida em Marte. A isto estamos reduzidos, a ouvir pessoas que não falam como gente.
[No Correio da Manhã.]
Adenda: «Quero ver se não se tratou de uma brincadeira estúpida ou se foi algo mais.» Procurador-Geral Pinto Monteiro à Sábado, sobre «uma conversa [de Lopes da Mota] com eles ao almoço que podia ser interpretada como uma pressão».
in A origem das Espécias
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