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sábado, janeiro 02, 2010

Para todos os amigos da Colheita!

D'UN ET DE DEUX, DE TOUS

Je suis le spectateur et l'acteur et l'auteur
je suis la femme et son mari et leur enfant
Et le premier amour et le dernier amour
Et le passant furtif et l'amour confondu

Et de nouveau la femme et son lit et sa robe
Et ses bras partagés et le travail de l'homme
Et son plaisir en flèche et la houle femelle
Simple e double ma chair n'est jamais en exil

Car où commence un corps je prends forme et conscience
Et même quand un corps se défait dans la mort
Je gis en son creuset j'epouse son tourment
Son infamie honore et mon coeur et la vie.

Paul Éluard
Derniers Poèmes d'Amour


DE UM E DE DOIS, DE TODOS

Eu sou o espectador o actor e o autor
Eu sou a mulher o seu homem e o seu filho
O primeiro e último amor
O furtivo de passagem e o amor num só

E tudo recomeça eu sou a mulher, a cama e o seu vestido
Os seus braços repartidos e o trabalho do homem
O seu prazer em flecha e o dela vaga de fundo
O meu corpo numa só e duas carnes não conhece exílio

Pois onde começa um corpo eu tomo forma e consciência
E mesmo quando na morte um corpo se desfaz
Eu repouso na sua forma de espera esposo o seu tormento
O seu opróbrio honra em mim o coração honra a própria vida.

Tradução de Maria Gabriela Llansol

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