O segredo de Justiça ..

Depois da escandalosa fuga das escutas no âmbito do Apito Dourado,ver aqui enquanto Pinto da Costa e outros dos visados ameaçavam processar os meios de comunicação social que as divulgassem, os «operadores judiciários» multiplicavam-se em declarações: que era preciso saber quem as tinha colocado na internet, que se usariam todos os meios na perseguição do criminoso.
Mas, para além do anúncio de que se abriria um vago inquérito  nada se disse acerca dos verdadeiros responsáveis por esta situação , porque, como é óbvio, a fuga só pode partir de quem tem acesso aos processos em segredo de justiça, e a obrigação legal e moral de impedir que sejam usados para fins indevidos. Não seria mais sério começar a procurar o criminoso nesses? Ou será que nos querem convencer de que é mais fácil apanhar o ladrão no mundo virtual do que no real, neste caso constituído por uma dezena, no máximo, de pessoas? Que credibilidade tem uma investigação que não tem forma (ou vontade) de incriminar os «de dentro»?
Há anos e anos que as fugas ao segredo de justiça acontecem, com a violação sem escrúpulos de um direito elementar de qualquer arguido, sem que haja um único suspeito, e muito menos condenado. Nunca me esqueço de ver num jornal, logo no dia seguinte a uma audição do Bibi, no início do processo Casa Pia, a transcrição completa de tudo o que ali se tinha passado frente a três pessoas. Três pessoas, e não foi possível apurar qual delas cometeu o crime, sendo que a única pista explorada é sempre a mesma: perguntar ao jornalista.
Quando o próprio sistema de justiça faz tão pouco pela justiça, como é que querem que quem está de fora o respeite?
In Destak de hoje